Exportações de alimentos industrializados reagem com avanço em mercados alternativos
16-10-2025

Setor fecha o mês de setembro com alta de 3,4% sobre agosto
As exportações brasileiras de alimentos industrializados somaram US$ 6,1 bilhões em setembro, um crescimento de 3,4% em relação a agosto e de 1% sobre o mesmo mês de 2024, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA).
O mês de setembro, no entanto, também consolidou os efeitos da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos, medida que provocou retração nas vendas ao país de 14% sobre agosto e de 34,5% em comparação com setembro do ano anterior. Os embarques para os EUA totalizaram US$ 285,1 milhões, reduzindo a participação do mercado norte-americano para 4,6% do total exportado pelo setor, ante 5,7% em agosto e 7,5% em julho. Ainda assim, o país segue como o segundo maior destino dos alimentos industrializados brasileiros.
O resultado mostra que, mesmo diante de um cenário internacional mais incerto, o setor demonstra resiliência e capacidade de adaptação, sustentando o desempenho agregado por meio da diversificação de destinos e produtos.
“Mercados alternativos ganharam relevância e podem indicar uma recomposição geográfica das exportações brasileiras. Mesmo diante de um cenário internacional desafiador, marcado por volatilidade cambial, oscilação de commodities e pela efetivação da tarifa norte-americana, o setor mantém desempenho consistente e diversificado”, afirma o presidente executivo da ABIA, João Dornellas.
O México segue como um dos principais destaques pelo segundo mês consecutivo, com US$ 217,7 milhões em embarques (3,5% do total), um salto de 94,4% em relação a setembro de 2024, puxado pelo avanço das proteínas animais (+102,6%) e, em menor proporção, por preparações alimentícias diversas. Outros destinos que também ampliaram suas compras de alimentos brasileiros foram Filipinas (US$ 216,7 milhões, +71,3%); Índia (US$ 168 milhões, +62,9%); Arábia Saudita (US$ 233 milhões, +31%) e Emirados Árabes (US$ 229,4 milhões, +5,5%).
Impacto da tarifa imposta pelos EUA segue forte
Nos Estados Unidos, os efeitos do tarifaço de 50% seguem visíveis pelo segundo mês consecutivo, atingindo segmentos centrais da pauta exportadora. Os açúcares registraram a maior retração (-76,2% em relação a setembro de 2024, -58% ante agosto), praticamente anulando as vendas no período. As proteínas animais, segundo item mais relevante, caíram 50,6% na comparação anual (ainda que tenham crescido 10,5% sobre agosto). Já as preparações alimentícias diversas recuaram 23,2% no mês e 48,5% frente a setembro do ano passado.
Duas exceções merecem nota: o suco de laranja, não afetado pela tarifa, teve leve queda mensal (-4,4%), mas cresceu 17,8% em relação ao mesmo mês de 2024; e o grupo de óleos e gorduras, que avançou 30,4% no ano, ainda que tenha recuado 55,7% em relação a agosto.
“O Brasil precisa recompor os fluxos de comércio com o mercado norte-americano. A diversificação é urgente, mas é igualmente essencial preservar a previsibilidade e competitividade no acesso ao mercado dos EUA, mantendo o papel estratégico do Brasil como fornecedor global”, ressalta Dornellas.
China mantém liderança isolada
A China permanece como o principal destino das exportações do setor, com US$ 1,3 bilhão em setembro, praticamente estável em relação a agosto (-0,37%), mas com alta de 25% sobre setembro de 2024. O país respondeu por 21,3% do total exportado, impulsionado por proteínas animais (US$ 1,08 bilhão, +40,2%) e açúcares (US$ 143,6 milhões, –31,3%).
Os países da Liga Árabe também ganharam peso, somando US$ 1,04 bilhão (+24% frente a agosto), com participação de 16,8%. O desempenho foi liderado por açúcares (US$ 549 milhões), proteína animal (US$ 443,9 milhões) e farelo de soja (US$ 18,3 milhões).
A União Europeia respondeu por US$ 715,9 milhões em setembro, aumento de 9,3% sobre agosto, mas queda de 6,6% em relação a setembro de 2024. A pauta foi dominada por produtos de soja (US$ 332,2 milhões) e proteína animal (US$ 149,7 milhões).