Falta de conhecimento da lavoura canavieira também pesa na queda de produtividade

21-11-2016

Investimento em inovações tecnológicas e orçamento polpudo não resolvem tudo

Primeiro foi a grande expansão canavieira, entre 2003/08, que abriu a porteira para a entrada de muitos profissionais e empresas sem vínculo com o setor sucroenergético, sem o chamado DNA Canavieiro. Depois foi a crise do setor que levou muitas empresas a trocarem profissionais experientes e, por isso, com salários mais valorizados, por jovens profissionais com salários menores.

Esses dois movimentos fizeram com que grande parte do conhecimento sucroenergético fosse perdido. Muitos dos entrantes desconheciam que, entre a realidade do canavial e as planilhas de Excel têm muitas diferenças. Profissionais que desconhecem que o campo tem memória, que se deixar de ser bem tratado por um ano, o resultado amargo se perdurará por vários outros.

Pessoas que deixaram-se levar pela velha mística que a cana é rustica, e, assim, não precisa de muitos cuidados para que produza. Ilusão enganadora, a cana tem suas particularidades, para começar, não é uma lavoura anual como a de grãos, onde um plantio se sucede ao outro, em algumas culturas mais de uma vez ao ano, permitindo que erros de plantio sejam rapidamente corrigidos. O que não acontece com a cana, uma vez que é uma cultura semiperene, onde erros no plantio ou redução de tratos culturais, derrubarão a produtividade, exigindo, muitas vezes a renovação antecipada do canavial.

Sem falar da audácia de profissionais da área de comercialização que vendem antecipadamente a produção futura de açúcar, projetando alta produção, sem antes “combinarem com o clima”.

Investimento em inovações tecnológicas e orçamento polpudo não geram resultados na mão de quem não domina o setor e não consegue desenvolver uma gestão sustentável. Mas nem tudo está perdido, entre os entrantes existem alguns casos de gestores diferenciados, que mesmo sem ter o DNA canavieiro, se cercaram de profissionais experientes para conhecerem as entranhas do setor e, bem alicerçados, terem condições de tomar as melhores decisões.
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