Fazendas viram alvo de assaltantes de bancos e facções criminosas em MT
27-11-2019

Autoridades acreditam que membros do PCC e Comando Vermelho estejam por trás de crimes envolvendo roubo de agroquímicos; modalidade cresceu 154% no estado somente em 2019

O agricultor Marciano Ferrari não pensou duas vezes quando soube que várias fazendas vizinhas à dele, em Primavera do Leste, tinham sido assaltadas. Antes de tornar-se mais uma vítima, reforçou a segurança e o monitoramento da propriedade. Um investimento superior a R$ 60 mil. Em entrevista ao repórter Pedro Silvestre, ele explicou que “o gasto foi para para tentar melhorar a segurança das pessoas que moram aqui dentro e de nós todos. Tem câmeras, alarme, portão eletrônico”, comenta. Preocupado com o aumento da violência no campo, ele lamenta a nova realidade de quem vive ou trabalha na zona rural. “Antigamente a fazenda era símbolo da tranquilidade. Hoje o produtor está literalmente atrás de uma grade”, desabafa.

A busca por mais segurança, seja com uso de equipamentos ou com a contratação de empresas especializadas, se tornou uma prática comum e necessária em praticamente todas as regiões de Mato Grosso. Só que os esforços ainda não inibem a onda de violência. Os números da Secretaria de Segurança Pública do Estado deixam claro: a quantidade de crimes no campo segue assustando!

De janeiro a outubro deste ano foram registradas 1.783 ocorrências em Mato Grosso, entre roubos e furtos. Apenas 0,4% a menos que o contabilizado no mesmo período do ano passado (1.791). Já os os casos envolvendo defensivos químicos explodiram. O número de furtos dobrou (de 31 para 63) e o de roubos saltou 276% (de 13 para 49). Para a polícia, isso indica que as fazendas se tornaram alvo de bandidos perigosos e de facções criminosas.

É o que aponta o delegado Flávio Stringuetta, que é diretor de atividades especiais da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), ligada à Polícia Civil-MT. “Nós estamos enfrentando realmente um aumento substancial nos crimes de roubos e furtos de defensivos agrícolas, ao mesmo tempo que estamos comemorando uma diminuição muito grande dos crimes de roubos e furtos a bancos e caixas eletrônicos. Acreditamos que criminosos que agiam contra bancos – e também das facções criminosas como PCC e Comando Vermelho – migraram para essa “modalidade” devido a maior lucratividade que esse crime traz pra eles e a maior dificuldade de investigação da polícia, já que os crimes acontecem em zonas rurais e a polícia acaba tendo menos condições de chegar a tempo para uma investigação melhor ou até mesmo para uma prisão”, relata.

Ainda segundo Stringuetta, a falta de estrutura e as leis brasileiras dificultam as operações e o trabalho da polícia contra o crime no campo. “Nós temos uma unidade só, com atribuição em todo o estado, que é a GCCO. As propriedades rurais são muito distantes da capital, isso dificulta as investigações, as equipes não conseguem chegar tão rápido ao local do fato e muitas vezes nem conseguem ir. Com o aumento da demanda, temos poucas equipes de prontidão para isso, hoje contamos com apenas seis policiais para atender essas ocorrências”, desabafa. Apesar da estrutura limitada, Stringuetta reforça que o serviço de inteligência da Polícia tem conseguido fechar o cerco contra este tipo de crime. Recentemente a ação de uma quadrilha foi interrompida pelos policiais, houve troca de tiros e criminosos foram mortos.

Se alguém rouba, alguém compra!

De acordo com o diretor de atividades especiais da GCCO-MT, além de coibir os crimes a polícia também direciona as investigações para tentar identificar os receptadores dos produtos roubados. Sem citar nomes, ele revelou ao repórter Pedro Silvestre que entre os compradores há produtores rurais e revendas de agroquímicos.

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