Fim da queima estimula o avanço do Colletrotrichum falcatum que reduz fortemente a produtividade e ATR da cana
30-09-2016

Essa doença é um problema muito mais sério do que a ferrugem


No 10ºGrande Encontro sobre Variedades de Cana, realizado nos dias 28 e 29 de setembro em Ribeirão Preto, SP, se por um lado o clima era de otimismo pelos bons preços da cana, por outro, as notícias de quebra de produção preocupavam os participantes.

Entre os fatores de redução da safra 2016/17 está o avanço do fungoColletrotrichumfalcatum. Em sua palestra no 10º Encontro, o pesquisador Álvaro Sanguino, já com quase 50 anos de atuação na área, salientou que esta é uma doença conhecida há muito tempo no setor.

“Esse fungo atacar a cana não é surpresa, o problema é que, como o setor mudou radicalmente o sistema de colheita, os problemas com doenças também mudaram. Esse fungo nunca foi problema quando o setor usava o fogo para colher o canavial.Estou vendo o ressurgimento de doenças que vi no início da minha carreira, quando ainda havia cana sendo colhida sem queima”, disse.

De acordo com o pesquisador, onde o fungo penetra, ele coloniza rapidamente e a cana murcha. A partir daí a planta seca para baixo. Isso diferencia do ataque da cigarrinha-das-raízes. E na ponta a cana continua verde. Isso afeta muito a qualidade da matéria-prima. A quantidade de cana morta num ataque da doença é muito grande. A redução de ATR é de 10% a 30% e redução de produtividade de até 30%.Sanguino observa se tratar de um problema muito mais sério do que a ferrugem.

A princípio, a doença surgiu no Triângulo Mineiro, mas hoje se alastrou. Está muito presente no Mato Grosso do Sul, regiões de Araçatuba e Triângulo Mineiro, e mais recentemente apareceu nas redondezas de Sertãozinho. “Já vi milhares de hectares atacados por este fungo.”

Segundo ele, provavelmente o que há hoje é uma raça muito agressiva do Colletrotrichum. “Esse fungo não está precisando mais da broca para entrar na cana, mas onde o ataque ocorre junto com a broca, as consequências são muito graves.”

Este fungo em cana já leva muita preocupação a outros lugares do mundo. Na Índia, é o causador de uma das principais doenças, em que a broca não tem interferência. Provoca a podridão de toletes no plantio.

No seminário, Sanguino pediu a colaboração dos profissionais do setor na coleta de informações sobre a doença. “A observação de todos é fundamental, pode nos ajudar a tomar medidas de controle.” Pesquisadores do IAC estão mobilizados a receber informações das usinas e dos produtores e avançarem nos estudos sobre a doença.

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