Fornecedores de cana são contra a venda das unidades do Grupo Moreno
15-09-2020

Cerca de 85% dos associados da Aplacana fornecem para as unidades do Grupo Moreno
Cerca de 85% dos associados da Aplacana fornecem para as unidades do Grupo Moreno

Para aceitar recuperação judicial do Grupo Moreno, banco Santander propõe que sejam vendidas duas, das três unidades da empresa

O Grupo Moreno está na fase de apresentação de seu plano de recuperação judicial, que foi pedida em setembro de 2019. Já ocorreram duas assembleias online com os credores da empresa para apreciação do plano de recuperação apresentado pelo Grupo.

Na primeira, realizada em primeira realizada em 14 de agosto de 2020, o Grupo Moreno apresentou um plano de recuperação com a previsão de vendas de ativos, que se iniciava com a venda do projeto de cogeração, depois a capitalização com a venda de outros ativos, que poderia até ser uma unidade, no caso a Central Energética Moreno Açúcar e Álcool (CEM), localizada em Luiz Antonio, SP, mas isso, só no caso de o Grupo não estiver honrando a previsão do plano. 

O Grupo Moreno é composto pelas empresas Central Energética Moreno de Monte Aprazível Açúcar e Álcool (CEMMA), Coplasa - Açúcar e Álcool Ltda, instalada em Planalto, SP, Agrícola Moreno de Luiz Antônio (AMLA), Agrícola Moreno de Nipõa Ltda. (AMN) e Planalto Bioenergia Spe.

Porém, os bancos não aceitaram a proposta. “O Santander, um dos principais credores do Grupo Moreno, apresentou um plano alternativo, propondo a venda das unidades CEMMA e COPLASA para a Cofco International, dona de uma unidade sucroenergética há 30 quilômetros de distância duas unidades da Moreno”, Donaldo Paiola, produtor rural e representante dos fornecedores e arrendatários da Moreno, cerca de 750 produtores de cana.

Em resposta, o Grupo Moreno colocou em seu plano de recuperação a venda da Central Energética Moreno (CEM), de Luiz Antonio, que na primeira versão do plano aparecia como condição de venda, caso o Grupo não cumprisse seus compromissos. Mas a proposta não saciou o apetite dos bancos, que querem mais, o principal objeto de desejo é a Coplasa, a maior das três unidades, com capacidade de moagem para 6 milhões de toneladas de cana- de-açúcar por safra.

No entanto, outros credores não querem a venda das unidades, entre eles estão os produtores de cana que fornecem para as unidades da empresa. Juliano Goulart Maset, presidente da Associação dos Plantadores de Cana e Outras Culturas da Região de Monte Aprazível (Aplacana), salienta que o plano de recuperação judicial apresentado pela Moreno é um dos melhores já vistos no setor, tanto que o Grupo nem pediu deságio – para se recuperarem as empresas podem legalmente obter deságios de seus débitos vencidos e vincendos para com os credores.

A Aplacana conta com 500 associados, dos quais 85% fornecem para as unidades da Moreno de Monte Aprazível e de Planalto. A dívida da Moreno com os associados da Aplacana chega a 90 milhões de reais, referente a reajustes de safra. De acordo com Maset este montante é o mesmo que o Grupo deve ao Santander.

“Não é uma dívida impagável e a Moreno é uma empresa com estrutura, tem realizado seus pagamentos, está cuidando dos canaviais, ou seja, tem feito sua parte para que a recuperação dê certo. O que eles precisam é de tempo para pagar suas dívidas. E isso os bancos não querem dar, querem receber primeiro e à vista, não se preocupam com os demais credores. Grande parte dessa dívida com o banco é de juros. Já no caso dos produtores é a nossa produção, é o fruto de nosso trabalho”, ressalta.

Paiola concorda com Maset tanto em relação a viabilidade do plano de recuperação judicial do Grupo Moreno e quanto à qualidade dos canaviais de suas usinas. “Ter matéria-prima, ter cana para moer é um dos principais fatores que contribuem para a recuperação de uma usina, e a Moreno tem cuidado muito bem de seus canaviais. Acompanhamos no dia a dia o trabalho que realizam em tratos culturais, tudo muito certo”.

Fonte: CanaOnline