Fórum Futuro Agro aborda papel do agro brasileiro no comércio global
04-06-2024

Futuro do comércio agrícola do país vai dominar a pauta da terceira edição do Fórum Futuro Agro, realizado pela Globo Rural — Foto: Thiago de Jesus
Futuro do comércio agrícola do país vai dominar a pauta da terceira edição do Fórum Futuro Agro, realizado pela Globo Rural — Foto: Thiago de Jesus

À frente do G20, Brasil propõe equilíbrio entre expansão do comércio e sustentabilidade; tema estará em debate em evento em São Paulo nesta terça-feira (4/6)

Por Mariana Grilli — São Paulo

Nas discussões do G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo, o Brasil tem proposto ajustes no equilíbrio entre a expansão do comércio internacional e o desenvolvimento sustentável. Essa é a primeira vez que o país ocupa a presidência itinerante do grupo. O Brasil encabeçará o G20 até novembro.

O futuro do comércio agrícola do país vai dominar a pauta da terceira edição do Fórum Futuro Agro, que a “Globo Rural” realizará amanhã, em São Paulo, em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). O evento reunirá especialistas, produtores rurais, indústrias, bancos e entidades representativas para discutir as perspectivas para o agro brasileiro nesse momento de transformação do comércio global. As inscrições para o fórum já se encerraram.

A liderança brasileira no G20 coincide com os preparativos para a entrada em vigor da lei antidesmate da União Europeia, que tem potencial de mudar a relação de forças no comércio internacional. Na presidência do grupo, o país não deve restringir os debates à defesa de seus próprios interesses. Em vez disso, o Brasil tem buscado formar consensos e propor avanços no multilateralismo — um arranjo que, no atual contexto, muitas vezes fica em segundo plano.

“Há uma fragmentação [nas decisões sobre as relações comerciais]. Cada país está fazendo de forma unilateral suas leis e estratégias. Isso tem impactos sobre o comércio exterior”, diz o embaixador Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores. Ele está à frente do Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos do G20.

Buscar consenso entre os integrantes do grupo e defender os interesses nacionais não são tarefas excludentes, avalia o embaixador — e tampouco triviais. O Brasil precisa fomentar o diálogo sobre sustentabilidade, segurança alimentar e previsibilidade do comércio, três dos aspectos que mais geram receio entre exportadores que vendem ao mercado europeu.

É o caso do café: a União Europeia é o destino de 45% exportações brasileiras do grão. A UE também é um importante comprador de couro e soja do Brasil — o bloco importa, respectivamente, 25% e 15% de todo o volume que o país exporta desses dois produtos.

“Mais de 30% de tudo que vai para a Europa está coberto pelo aspecto antidesmatamento”, afirma Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A preocupação, segundo ela, é que, por vezes, a agenda verde seja instrumento de interesses protecionistas.

A agenda climática é outro dos temas que estão no centro dos debates do G20. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os problemas climáticos devem reduzir a produção agrícola brasileira neste ano, com queda na colheita de soja e milho.

A programação do Fórum Futuro do Agro terá três painéis. No primeiro, “O agro na União Europeia: rastreabilidade e baixas emissões”, participarão dos debates André Nassar, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Damian Taberner, representante da UE, Marcello Britto, do Consórcio Amazônia e da Fundação Dom Cabral, Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig/BRF, e Ricardo Andrade, do Sistema de Rastreabilidade do Couro.

O painel “O agro na China: perspectivas da cooperação na jornada de sustentabilidade” contará com Liege Nogueira, diretora de sustentabilidade da JBS, Silvia de Miranda, pesquisadora da Esalq/USP, Tulio Cariello, do Conselho Empresarial Brasil-China, Wu Changxue, da embaixada da China no Brasil, e Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais. Já o painel “O novo normal: a agropecuária e a emergência climática” terá Ana Doralina, da Mesa Brasileira Pecuária Sustentável, Antônio da Luz, economista-chefe da

Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Marcio Madalena, secretário-adjunto de Agricultura do Estado, Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa e professor da FGV, e Vamiré Luiz Sens Júnior, gerente de sustentabilidade da JBS.

Fonte: Globo Rural