Geada: avaliação prática em áreas de cana-de-açúcar
21-06-2016

Confira artigo sobre um tema que traz muita preocupação aos produtores de cana, elaborado pelo gestor de produção agrícola e de desenvolvimento técnico agronômico Rogério do Nascimento


A cana-de-açúcar cultivada desde a latitude 35°N até a 35°S, com uma larga escala de adaptação, sofre a influência das variáveis climáticas ao longo de todo o ciclo vegetativo. E as explorações agrícolas destinadas à produção de açúcar, etanol e bioenergia são muito mais exigentes em termos da distribuição de chuva e temperatura do ar. Contudo, esta cultura não é muito tolerante ao frio.
As folhas jovens e gemas são as partes mais sensíveis ao frio na planta de cana-de-açúcar, sofrendo efeitos danosos sempre que a temperatura cai abaixo de 0°C, por um curto período de tempo.
A extensão do dano é função do tempo em que a folha fica exposta ao frio, da temperatura mínima atingida, da variedade e da fase da cultura (estádio fenológico).
Uma situação prática importante é que pesquisadores observaram que há uma diferença de temperatura, de 3 a 4ºC, entre o abrigo meteorológico situado a 1,5m da superfície, e a relva, ao nível do solo (Sentelhas et al., 1995).
Na prática, não existem ações preventivas eficazes contra a geada em larga escala, restando apenas a análise correta após a ocorrência do fenômeno para a tomada de decisão econômica do que deve ser feito.
Após a geada, como a ocorrida recentemente, quando é possível antecipa-se o corte, com o intuito de minimizar as perdas em termos de concentração de sacarose no colmo, enquanto os canaviais mais jovens são deixados no campo para que novas brotações se desenvolvam em substituição aos colmos atingidos pelo frio intenso. Há situações em que a roçagem é recomendada.
Segundo o engenheiro agrônomo Dib Nunes Jr., as partes afetadas adquirem, de início, uma aparência aquosa e em pouco tempo tornam-se focos de infecções por fungos e bactérias. Quando morre somente a gema apical, as gemas que não foram danificadas brotam e ocasionam uma cana com pontas múltiplas ou “envassouradas”.
Após a geada (ao redor de 7 dias) deve-se realizar um levantamento dos danos e mapeamento do problema. Não se deve tomar decisão de cortar os canaviais sem um preciso levantamento da situação da unidade ou fazenda.


Como amostragem recomenda-se:
1) Seleção de áreas para amostragem: as áreas a serem amostradas deverão ser definidas no escritório, elegendo-se áreas com características semelhantes (topografia, variedades, idade e época de colheita ou plantio);
2) Pontos de amostra: deverão ser realizados 3 a 5 pontos de amostra (de 10 canas) em cada bloco;
3) Amostragem:
a) Entre, pelo menos, 50 metros no talhão;
b) Coletar aleatoriamente 10 colmos representativos do canavial (evitar brotões), cortando-os na base, mas sem despontar;
c) Avaliar dano (morte) à gema apical (Sim ou Não) de cada colmo amostrado;
d) Avaliar dano (morte) às gemas laterais (Sim ou Não) de cada colmo amostrado. Não confundir com os efeitos de pragas e florescimento;
e) Avaliar ocorrência de brotação lateral (Sim ou Não) de cada colmo amostrado. Nas primeiras avaliações pode ser difícil visualizar ocorrência de brotação lateral em função da geada. Não confundir com brotação lateral causada por ataque de pragas (broca, por exemplo) ou causada pelo florescimento;
4) Registro das informações: anote na planilha de registros as informações referentes ao levantamento realizado. Em todos os casos deverá ser registrada a presença (SIM) ou ausência de danos (Não);
5) Tomada de decisão:
a) Separar as áreas sem geada, com geada leve e geada forte;
b) Quantificar a quantidade de canaviais atingidos e suas respectivas tonelagens;
c) Monitorar, através das análises tecnológicas, pol, brix, açúcares Redutores etc das áreas atingidas para iniciar a administração da cana geada.
O procedimento de colheita e de operações de rebaixamento deve ser de acordo com o volume de cana mais afetado, com os levantamentos de campo e a experiência e as opiniões de profissionais.
Os canaviais com ataque de geada representam riscos de perdas consideráveis, que precisam ser administradas para minimizar os prejuízos. Entretanto, na maioria das vezes, não se consegue evitá-los completamente.

NA EDIÇÃO DE JULHO DA REVISTA CANAONLINE, NÃO PERCA ARTIGO MAIS APROFUNDADO DE ROGÉRIO DO NASCIMENTO SOBRE GEADAS EM CANA-DE-AÇÚCAR.


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