Geada e ATR em baixa poderão reduzir quase 700 mil toneladas de açúcar da safra brasileira
15-07-2019

Menos açúcar brasileiro no mercado
Menos açúcar brasileiro no mercado

Análise é da Archer Consulting que alerta que o mercado ainda não se deu conta dessa possível redução e que poderá haver forte reação no preço do açúcar

De acordo com o relatório da Archer Consulting divulgado neste sábado, 13, as geadas atingiram forte os canaviais de Mato Grosso do Sul e com menor intensidade os estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Serão necessários mais uns 15 dias saber seu real efeito.

“Um executivo ligado a uma grande usina informa que neste mês de julho a ATR apurada está nada mais do que 11-12 quilos abaixo daquela obtida no ano passado. A grande preocupação é que podemos fechar a safra atual com apenas 130 quilos de ATR por tonelada de cana. Além disso, segundo o mesmo profissional, a safra está atrasada esse ano em relação ao ano anterior”, observa Arnaldo Corrêa, diretor da Archer no relatório da Consultoria.

Para se ter uma ideia da magnitude desse problema, continua Corrêa, caso o número temido pelo executivo se concretize, no modelo da Archer Consulting, “isso representaria uma redução de quase 700 mil toneladas de açúcar (nossa produção estimada reduziria de 24.2 para 23.5 milhões de toneladas de açúcar) e 850 milhões de litros de etanol (reduzindo nossa estimativa de 30.3 para 29.5 bilhões de litros). Existe, segundo a mesma preocupante análise, risco de desabastecimento. A redução média de ATR que se ouve por aí é de 2.6%.”

 

 Arnaldo Corrêa e a Archer alertam que poderá ocorrer forte reação nos preços

A Archer observa que, o último relatório da UNICA mostra que a moagem acumulada até a segunda quinzena de junho é 3% menos do que o mesmo período do ano passado. A produção de açúcar já é quase 10% menor e mesmo o etanol também 4.3% abaixo do volume do ano passado.

“Os shorts desse mercado, em nossa opinião, não percebem que a água está esquentando. Estamos vendo lentamente o caldeirão do mercado borbulhando com os fundamentos apontando para redução significativa no rendimento da cana. Acreditamos que a dose de realidade virá no último trimestre do ano afetando o vencimento março/2020. No entanto, não dá para descartar que o vencimento outubro ainda experimente forte reação nos preços tão logo todos esses problemas relacionados à cana e rendimentos sejam expressos em números”, ressaltou Corrêa.