Geadas atingiram 5% da área de cana
25-07-2019

Imagem: Betinha Labate
Imagem: Betinha Labate

O impacto das geadas ocorridas no início deste mês nas lavouras de cana começou a ser quantificado. Segundo levantamento feito pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) em parceria com a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), cerca de 400 mil hectares de cana foram atingidos. Essa extensão representa 5% da área a ser colhida nesta safra (2019/20), conforme projetado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), de 7,5 milhões de hectares.

Da área afetada, em torno de 65% não havia sido colhida. Nessas áreas, a colheita de plantas "adultas" pode apresentar uma perda de produtividade de até 5 toneladas por hectare ante o esperado, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, em nota.

O impacto foi maior em regiões como Mato Grosso do Sul, Paraná e sul de São Paulo. "Em algumas unidades produtoras, a geada chegou a impactar quase 50% da área cultivada", observou.

Em áreas onde o impacto da geada foi relevante, há necessidade de replanejar o cronograma de colheita. Isso deve afetar a qualidade da cana, já que parte da matéria-prima não será processada no ponto ideal de maturação. "Esse aspecto pode reduzir ainda mais a concentração de ATR [açúcares totais recuperáveis] na planta, que já apresenta valor médio inferior ao do ano passado", disse.

Do início da safra até 16 de julho, o teor de ATR ficou em 126,31 quilos por tonelada de cana, 4,1% menor do que há um ano atrás.

Nas áreas atingidas por geadas em que a lavoura já havia sido colhida, é esperado algum impacto na produtividade do próximo ciclo (2020/21), segundo a Unica.

O clima do início do mês também prejudicou o ritmo da colheita na primeira quinzena de julho. No período, as usinas do Centro-Sul processaram 40,9 milhões de toneladas de cana, volume 9,5% menor que o observado no mesmo período da temporada passada. Como consequência, a produção de açúcar recuou 19%, para 1,94 milhão de toneladas, enquanto a de etanol (anidro e hidratado) caiu 9,9%, para 2,17 bilhão de litros.

No acumulado da safra, o processamento de cana está 10,7 milhões de toneladas menor do que no mesmo período da safra passada. Como a produção desta safra está mais voltada para o etanol do que a da safra passada, isso tem resultado em menor produção de açúcar, que está 1,3 milhão de toneladas inferior a um ano atrás, somando 10,9 milhões de toneladas. A produção total de etanol até agora alcançou 12,8 bilhões de litros, queda de 5,1%.

 

Valor Econômico