Governo cede para tentar encerrar greve dos caminhoneiros
26-02-2015

Após negociações que se estenderam por mais de dez horas, o governo e representantes de caminhoneiros anunciaram no fim desta quarta (25) terem chegado a um acordo para tentar pôr fim ao bloqueio das estradas.

Para atender às demanda do movimento, o governo ofereceu um pacote de medidas, que incluiu a renegociação de dívidas do setor, e informou ter recebido da Petrobras a garantia de que os preços do diesel não subirão pelos próximos seis meses.

"Só vai ser cumprido o que combinamos na hora em que forem liberadas as estradas", afirmou o ministro Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) ao final das negociações, acrescentando que a expectativa era que o desbloqueio ocorresse nesta quinta (26).

O presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, que participou das negociações, afirmou que as entidades presentes à reunião eram favoráveis ao fim do movimento, mas que ele não poderia "garantir que a greve vai acabar".

"O movimento foi levantado de forma autônoma. Cabe aos caminhoneiros avaliar as conquistas e o esforço do governo para ver se compensa continuar o movimento."

As medidas oferecida pelo governo, sob a chancela de Dilma Rousseff, incluíram o compromisso de sanção integral da chamada Lei dos Caminhoneiros, que na prática reduz o valor do pedágio que pode ser cobrado dos caminhões e aumenta o número de horas extras que podem ser feitas pela categoria.

A segunda medida é a suspensão, por um ano, dos pagamentos de empréstimos feitos pelo BNDES para a aquisição de caminhões.

O governo anunciou, ainda, a criação, por empresas e caminhoneiros, de tabela referencial de fretes, o que pode levar a preços mínimos para o serviço. A quarta proposta é o estabelecimento de mesa permanente de negociação entre motoristas e empresas.

Coube ao ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) coordenar as discussões.

Dada a dimensão que tomou o movimento, e com a economia sob risco de recessão, o governo considerou que não teve outro remédio senão agir para resolver o impasse.

Com a taxa de popularidade da presidente em recorde de baixa, assessores presidenciais alertaram para o fato de que, se o movimento não fosse contido, Dilma seria responsabilizada.


Rio Grande do Sul

Além da CNTA, assinaram o acordo com o governo outras nove entidades.

O caminhoneiro Odi Antonio Vani, que coordena o movimento em Palmeira das Missões, no oeste do Rio Grande do Sul, diz que as promessas não foram suficientes. "O que queremos é a redução dos custos do diesel e o aumento do valor do frete."

João Carlos Magalhães e Júlia Borba com colaboração de Natuza Nery