Hedgepoint atualiza Balanço Global de Açúcar e Fluxo Comercial
31-10-2024
A analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, Lívea Coda, aborda no Balanço Global de Açúcar e Fluxo Comercial os cenários para os mercados do Brasil, Índia, Tailândia, União Europeia e Reino Unido, México, Estados Unidos, Guatemala, Ucrânia, Rússia e China.
Por Andréia Vital
O sentimento no mercado de açúcar mudou para uma perspectiva mais altista. “Desde abril, as estimativas de produção para a região Centro-Sul foram rebaixadas devido a condições climáticas adversas e ocorrências de incêndios. Embora se espere que o Hemisfério Norte se recupere, sua produção ainda ficará aquém dos níveis históricos. Assim, espera-se que os fluxos comerciais sofram uma pressão significativa entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, contribuindo para uma tendência de alta no curto e médio prazo”, diz Lívea.
Com o início da colheita no Hemisfério Norte, a disponibilidade de açúcar branco deve aumentar, exercendo uma pressão de baixa sobre o prêmio do branco.
“Essa situação é particularmente desafiadora para as refinarias costeiras, especialmente devido ao período de entressafra mais longo e mais severo na região Centro-Sul, o que deve aumentar o preço do açúcar bruto”, destaca.
De acordo com a analista, “prevê-se que o Brasil produza cerca de 610 Mt de cana e aproximadamente 39,8 Mt de açúcar, enquanto a Europa, a América Central e a Tailândia deverão contribuir mais com o mercado internacional”.
Com as exportações de açúcar da Índia estimadas em 1,5 Mt, dada a paridade favorável, os riscos parecem estar mais para o lado de alta do que para o lado de baixa.
Como as exportações de açúcar estão sujeitas às decisões políticas do governo indiano, pode haver relutância em conceder cotas se os estoques não aumentarem rápido o suficiente, possivelmente adicionando ao déficit de curto e médio prazo.
“Enquanto isso, as discussões sobre a temporada 2025/26 do Brasil estão começando, e as perspectivas não são animadoras. Portanto, embora um pouco equilibrado para o ano, considerando a soma entre o 4T/24 e o 3T/25, os riscos são de redução da disponibilidade”, acredita.
Atualmente, vários problemas são evidentes em relação ao desenvolvimento do Centro-Sul para 25/26: incêndios afetaram a região, os níveis de umidade do solo estão baixos e o plantio sofreu atrasos, mas as chuvas de verão serão um fator crítico.
“Consequentemente, revisamos nosso "palpite educado" inicial de 620 Mt para 600 Mt, que ainda depende das chuvas de verão. Essa revisão implica em uma redução da possível pressão de baixa que o mercado sofreria ao aproximar do segundo trimestre de 2025, em comparação com nossas estimativas anteriores, indicando uma faixa de preço mais alta”, indica.
Mercado de açúcar passa a enxergar perspectiva altista em meio às incertezas climáticas e ajustes de produção
Clima adverso e desafios no Centro-Sul e Hemisfério Norte podem influenciar preços do açúcar até 2025, aponta analista
O cenário para o mercado de açúcar tem ganhado uma perspectiva de alta nos últimos meses. Desde abril, a produção no Centro-Sul do Brasil vem sendo revisada para baixo, impactada por adversidades climáticas e focos de incêndios que prejudicaram a colheita. Embora o Hemisfério Norte comece agora sua temporada de colheita, a expectativa é de que a produção global continue abaixo dos níveis históricos, o que tende a pressionar os fluxos comerciais e impactar os preços no curto e médio prazo, conforme explicou Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets.
Com a entrada do açúcar branco do Hemisfério Norte no mercado, espera-se uma maior oferta, o que pode reduzir o prêmio do açúcar branco. "Essa dinâmica representa um desafio para as refinarias situadas nas regiões costeiras, especialmente no período de entressafra mais prolongado e intenso do Centro-Sul do Brasil, o que deve elevar o preço do açúcar bruto," acrescentou.
Segundo Lívea, estima-se que o Brasil produza 610 milhões de toneladas de cana, resultando em cerca de 39,8 milhões de toneladas de açúcar. Já a Europa, América Central e Tailândia devem continuar contribuindo com o mercado internacional. Com as exportações indianas previstas em aproximadamente 1,5 milhão de toneladas, o saldo de risco para o mercado aponta para uma tendência de alta.
As exportações de açúcar na Índia, contudo, permanecem sujeitas a decisões políticas locais. Com o governo controlando a concessão de cotas, há possibilidade de limitar a oferta para manter estoques internos em níveis seguros, o que poderia agravar o déficit de oferta no mercado global de açúcar no curto e médio prazo.
Ao olhar para a safra de 2025/26, a perspectiva para o Centro-Sul do Brasil não é das mais animadoras. "Para o próximo ciclo, espera-se uma continuidade dos desafios, incluindo os impactos de incêndios, baixos níveis de umidade no solo e atrasos no plantio. As chuvas de verão serão essenciais para sustentar a produção esperada," pontuou a analista.
Diante disso, as estimativas de produção de cana-de-açúcar foram revisadas de 620 para 600 milhões de toneladas, dependendo do volume de chuvas. Esse ajuste representa uma diminuição na pressão de baixa sobre os preços, projetando uma faixa de preço mais elevada no segundo trimestre de 2025 em comparação com as previsões iniciais.