IAC emplaca abaixo-assinado contra venda da Fazenda Santa Elisa
21-11-2024

Área de 7 hectares da Fazenda Santa Elisa, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) — Foto: Divulgação IAC
Área de 7 hectares da Fazenda Santa Elisa, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) — Foto: Divulgação IAC

Produtores rurais, associações de pesquisa, sindicatos e figuras da cena agrícola já assinaram o documento

Por Isadora Camargo — São Paulo

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) lançou um abaixo-assinado contra a venda da fazenda pública Santa Elisa, caso reportado com exclusividade pela reportagem. A entidade tem o apoio de agricultores, instituições de pesquisa e entidades setoriais na ação.

O documento, que defende a preservação do patrimônio científico e agrícola paulista, está aberto à assinatura e foi divulgado nesta quarta-feira (20/11). Até o momento, firmaram apoio algumas associações de pesquisa e de professores, além de sindicatos. Entre as figuras do agro estão Luís Carlos Guedes Pinto, ex-Ministro da Agricultura entre 2006 e 2007, Marco Antônio Teixeira Zullo, ex-diretor do IAC e Maurilo Monteiro Terra, ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Fruticultura.

“Somos contra essa venda e o resultado que isso pode acarretar nas pesquisas sobre o café e diversos outros temas de pesquisa, no meio ambiente e na economia do país e apelamos para o governador para que cancele os estudos realizados sobre a possibilidade dessa venda”, diz trecho do abaixo-assinado.

Em outubro, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) denunciou um processo de mapeamento e desmembramento de fazendas dedicadas à pesquisa e conservação do Estado. A Fazenda Santa Elisa é uma dessas áreas, com sete hectares e detentora do maior banco de germoplasma de café da América Latina e um dos maiores do mundo. Ali, também acontecem estudos sobre a macaúba, espécie pesquisada para a produção de biocombustíveis.

“O Centro Experimental do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), historicamente conhecido como Fazenda Santa Elisa, é um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento agrícola do estado de São Paulo, com resultados que chegam à agricultura brasileira e mesmo mundial”, destaca o IAC no documento.

Há alguns dias, em visita ao interior de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou o mapeamento, e alegou que apenas “áreas subutilizadas” serão vendidas.

“O alvo agora é o IAC, mas nos últimos anos, os Institutos Públicos de pesquisa vêm sofrendo um processo de desmonte, que já culminou com a extinção de instituições históricas e centenárias, como o Instituto Florestal, além dos Institutos de Botânica e Geológico e da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)”, destacou, em nota, a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.

Ela reforça que falta concursos para contratação de profissionais para que os espaços consigam desenvolver novas pesquisas agrícolas.

“Todo esse desenvolvimento da agricultura paulista – e brasileira – só é possível com a manutenção de um banco de plantas vivas para a experimentação, o teste e a seleção daquelas mais interessantes para o objetivo que se quer atingir. Nesse sentido, estão na Fazenda Santa Elisa coleções de plantas, ou bancos de germoplasma, de café, seringueira, plantas ornamentais, aromáticas e medicinais, bambu, árvores e palmeiras, entre outras”, destaca o abaixo-assinado.

Fonte: Globo Rural