Indústria contrata, mas não compensa a retração de 2014
02-03-2015

Com o consumo das famílias e as vendas em queda, o comércio puxou as demissões de trabalhadores formais no país em janeiro.

Na largada do segundo mandato de Dilma Rousseff, o Brasil fechou 81,8 mil vagas com carteira assinada. Em janeiro de 2014, haviam sido criadas 62,4 mil vagas.

O saldo de vagas de janeiro é o pior para o mês desde 2009, auge da crise econômica, quando 101,7 mil postos foram fechados.

No comércio, o saldo de demissões foi de 97,9 mil trabalhadores. Segundo o ministro Manoel Dias (Trabalho), que estava em Santa Catarina e comentou o resultado por meio de nota, os setores que tradicionalmente demitem nesta época, por questões como o fim do período de férias, foram os que mais contribuíram para a contração.

Na construção civil, houve redução de 9.700 postos de trabalho ante dezembro.

A área de serviços demitiu 7.100 trabalhadores. Houve perdas principalmente no setor de transportes, alimentação (bares, hotéis e restaurantes) e no de hospedagem.

O resultado de janeiro veio pior do que esperava o governo e o mercado, que projetava saldo negativo em torno de 20 mil vagas, em média, segundo a agência Bloomberg.

Entre os oito setores analisados, apenas a indústria de transformação (metalúrgica, siderúrgica e petroquímica, por exemplo) e serviços industriais de utilidade pública (como geração e distribuição de energia, construção de ferrovias e portos) apresentaram criação de vagas.


Indústria

Depois de oito meses demitindo, a indústria de transformação voltou a contratar em janeiro. Foram 27,4 mil postos de trabalho, informou o ministério, que avalia o dado como reação do setor.

O saldo, contudo, não compensa as perdas dos últimos meses e é 28,8% inferior ao de janeiro de 2014, quando 38,5 mil vagas foram abertas.

O resultado, apesar de positivo, ainda mostra a situação frágil da indústria brasileira, um dos setores mais afetados pela atual contração da atividade econômica, avalia o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Segundo os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a indústria calçadista criou 7.554 novos empregos, a indústria mecânica, cerca de 3.968, a têxtil, 3.451, e a de borracha, 3.292.

Na agricultura, houve a criação de 9.400 postos.


Regiões

Duas regiões expandiram o nível de emprego: Sul, com a criação de 29,7 mil postos, e Centro-Oeste, com 1.208.

No Sudeste, 70 mil vagas foram encerradas, sendo 40,6 mil só no Rio de Janeiro, recordista de demissões. Segundo o ministério, as demissões no Rio se devem ao setores de serviços e comércio.

Dados divulgados pelo IBGE na quinta-feira (26) mostram que o desemprego deverá crescer neste ano. A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país subiu em janeiro para 5,3%, acima do 4,3% em dezembro.

Sofia Fernandes