Indústria perdeu 28% das vagas em 2014
16-01-2015

Influenciada pela crise do setor sucroenergético, a indústria na região de Ribeirão Preto registrou queda no nível de emprego pelo terceiro mês consecutivo, em dezembro, e fechou o ano de 2014 com uma redução de 28% nos postos de trabalho.

De acordo com os dados da pesquisa mensal da Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado) divulgados nesta quinta-feira (15), apenas no último mês, 5.900 trabalhadores foram demitidos na região.

As cinco cidades avaliadas na pesquisa --Araraquara, Franca, São Carlos, Matão e Sertãozinho-- tiveram saldos negativos.

Os resultados dos últimos três meses puxaram o acumulado do ano para baixo: em 2014, foi registrada a perda de 6.250 postos de trabalho.

No ano anterior, 4.850 vagas foram fechadas.

"Nossas maiores perdas foram em novembro e dezembro", disse Ademir Ramos da Silva, diretor regional do Ciesp em Araraquara.

Em relação ao ano anterior, Matão foi o município que mais sofreu perdas, com o corte de 8,8% das vagas.

Pela primeira vez desde 2009, quando a pesquisa começou a ser feita, a indústria de açúcar e álcool teve queda de emprego em todo o Estado, com 13.681 demissões.

A perda é de 8,5% em relação a 2013. Apenas em dezembro, foram fechadas 6.479 vagas, segundo a pesquisa.


Sertãozinho

O setor mais afetado foi a de máquinas e equipamentos, segundo o Ciesp. Sertãozinho, grande fornecedora desses produtos das usinas, sofreu forte impacto.

Com o objetivo de minimizar as dificuldades enfrentadas por trabalhadores demitidos das metalúrgicas de Sertãozinho, comerciantes, empresários e a prefeitura assinaram um "pacto social" no final do ano passado.

Entre as medidas, válidas por três meses, está a cesta básica social ao preço de R$ 69,90, sem margem de lucro aos supermercados.


Pessimismo

A depender das perspectivas do setor industrial da região, os próximos seis meses continuarão a ser de um cenário ruim e incerto.

Não há perspectiva de aumento no nível de atividades e melhora das condições gerais das empresas, segundo o Ceper (Centro de Pesquisa em Economia Regional), que reúne informações regionais de pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

"O baixo índice de confiança dos empresários na pesquisa revela um cenário de pessimismo e cautela", afirmou Luciano Nakabashi, professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP.

A consequência poderá ser o fechamento de mais postos de trabalho, segundo ele, já que há menos investimentos.

Para José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca), os empresários deverão avaliar o mercado durante o primeiro trimestre para só então iniciar possíveis recontratações e retomar a produção.

Gabriela Yamada