Investimentos em etanol de milho superam R$ 23 bi e projetam salto de 50% na produção até 2027
27-08-2025

Mapeamento do Itaú BBA aponta 21 projetos ativos; expansão deve concentrar-se no MATOPIBA e ampliar presença do biocombustível no Norte e Nordeste

A indústria brasileira de etanol de milho e cereais retoma o ritmo de crescimento após um período de retração. De acordo com levantamento atualizado do Itaú BBA, novos investimentos anunciados em julho devem impulsionar uma expansão superior a 50% na produção até a safra 2026/27, elevando a oferta dos atuais 8,2 bilhões de litros (safra 2024/25) para mais de 12,1 bilhões de litros nos próximos dois anos.

O mapeamento atualizado mostra que, dos 22 projetos identificados em 2024 — incluindo novas plantas e ampliações —, três já foram concluídos, 13 seguem em construção ou no pipeline, e seis foram postergados. Todos os projetos adiados pertencem a grupos que estreariam no setor, reforçando o peso do alto custo de capital como barreira de entrada em meio à taxa Selic ainda elevada.

Atualmente, 21 projetos estão ativos, com demanda estimada de 14 milhões de toneladas adicionais de cereais por ano, destinadas à produção de 6,1 bilhões de litros de etanol. O volume total de investimentos previstos soma R$ 23 bilhões, além de aproximadamente R$ 5 bilhões em capital de giro. Do montante, R$ 15 bilhões devem ser desembolsados entre 2025 e 2027.

Entre os projetos em andamento, 12 já estão em construção, com capacidade somada de 3,1 bilhões de litros por ano. Os outros nove, ainda em fase de planejamento, podem acrescentar mais 3,0 bilhões de litros à produção nacional.

Segundo o Itaú BBA, a expansão terá impacto significativo na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), tradicionalmente carente de biocombustíveis, mas que pode enfrentar maior pressão sobre a oferta de grãos com a entrada em operação das novas usinas.

Um dos destaques do mapeamento é a dispersão geográfica das plantas em desenvolvimento, muitas delas em áreas onde o consumo de etanol hidratado ainda é reduzido. Embora represente um desafio comercial imediato, essa descentralização é vista como estratégica, pois pode estimular a penetração do biocombustível nas regiões Norte e Nordeste, além de incentivar o cultivo de milho nessas localidades.

A retomada dos investimentos mostra a resiliência da indústria de etanol de milho no Brasil, que apesar do custo de financiamento elevado, segue atraindo capital para projetos de longo prazo. Para analistas, a consolidação da rota do etanol de cereais no país amplia a diversificação da matriz energética, fortalece a logística regional de combustíveis e contribui para a redução de emissões na matriz de transportes.