ISO aponta déficit recorde e mudanças no comércio de açúcar
10-03-2025

O déficit global de açúcar deve atingir 4,88 milhões de toneladas, impulsionado por uma produção menor e uma crescente demanda mundial
No mais recente relatório de Perspectivas de Mercado Trimestrais, a ISO (Organização Internacional do Açúcar) apresentou sua segunda revisão do balanço global de açúcar para a safra 2024/25. A previsão é de um déficit global significativo de 4,88 milhões de toneladas, um aumento considerável em relação ao déficit de 2,51 milhões de toneladas projetado em novembro. Esse déficit é o maior registrado nos últimos nove anos.
A produção global de açúcar foi revista para 175,54 milhões de toneladas, uma redução de 5,84 milhões de toneladas em relação à safra anterior. A diminuição na produção é atribuída a uma produção menor após outubro de 2024 nas principais regiões do hemisfério sul, produção abaixo das expectativas na Índia e no Paquistão, além de uma queda na produção de cana na Tailândia. Por outro lado, a demanda global por açúcar deve atingir um recorde de 180,42 milhões de toneladas em 2024/25, embora a previsão tenha sido revisada para uma redução de 1,16 milhão de toneladas em relação à estimativa de novembro.
As dinâmicas do comércio global também estão sofrendo mudanças importantes. As estimativas de importação e exportação para 2024/25 indicam uma queda nas trocas comerciais, com as importações previstas para 63,32 milhões de toneladas (uma redução de 5,8 milhões de toneladas em relação à safra passada) e as exportações para 62,66 milhões de toneladas (uma redução de 6,97 milhões de toneladas). Esse déficit comercial, de 663 mil toneladas, é muito menor do que o déficit de produção/consumo deste ciclo, sugerindo uma diminuição significativa nos estoques.
A relação entre os estoques finais e o consumo para a safra 2024/25 deve cair para 51,88%, uma queda em relação aos 54,35% registrados ao final da safra 2023/24. Essa redução é notável, pois os estoques são frequentemente mantidos internamente para atender à demanda fora de temporada.
Além disso, os preços globais do açúcar apresentaram uma queda nos últimos três meses, com uma leve recuperação nos preços de fevereiro, após o declínio registrado em janeiro. A participação especulativa no mercado de açúcar mudou para uma posição líquida curta, enquanto a fraqueza do real brasileiro no final de 2024 e início de 2025 ajudou a aumentar os retornos para os moinhos de açúcar do Brasil.
O mercado global de etanol também experimentou crescimento, com uma produção de 118,5 bilhões de litros em 2024, um aumento substancial em relação aos 112,8 bilhões de litros em 2023. O Brasil e os Estados Unidos desempenharam papéis chave, com o Brasil produzindo 33,68 bilhões de litros, combinando etanol de cana com a crescente produção de etanol de milho.
No mercado de melaço, os preços caíram no final de 2024, principalmente devido à redução nos preços do trigo forrageiro e à expectativa de aumento na produção de melaço em várias regiões chave. A produção global de melaço, excluindo o Brasil, deve crescer 1,3% em 2025.
Com relação ao xarope de frutose de alta concentração (HFCS), espera-se que a produção global não cresça significativamente em 2024, mantendo-se em torno de 14,1 milhões de toneladas anuais.
O presidente do Comitê de Agricultura da OMC, o embaixador Acarsoy da Turquia, encorajou os membros a quebrar o impasse nas negociações agrícolas, com o objetivo de alcançar um resultado significativo na reunião MC14 em Camarões, marcada para março de 2026.
Andréia Vital