Justiça de Alagoas autoriza recuperação judicial da Usina Santa Clotilde
05-03-2018

Acionistas alegam que falta de crédito e más condições climáticas afetaram caixa da empresa. Eles têm 60 dias para apresentar um plano de recuperação financeira.

A Justiça autorizou o processamento do pedido de recuperação judicial da Usina Santa Clotilde. De acordo com as informações divulgadas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), nesta sexta-feira (2), a empresa comprovou que vem passando por dificuldades financeiras por conta do mercado e de condições climáticas.

Segundo o TJ, o relatório apresentado no pedido feito à Justiça, os acionistas alegam também que o caixa da empresa foi prejudicado pela falta de renovação de créditos, e que, por conta disso, eles precisaram realizar aportes financeiros significativos e alienar ativos, para realizar reparos na usina.
O relatório ainda aponta que uma cheia do Rio Mundaú, em julho de 2010, inundou a fábrica e destruiu equipamentos importantes, além de inutilizar instalações como o laboratório de análises e a casa de força.
Por conta disso, a produtividade agrícola da usina, afirmam os acionistas, caiu cerca de 41% entre as safras 2007/2008 e 2016/2017.
Com a autorização do pedido, a empresa agora tem 60 dias para elaborar um plano de reorganização dos negócios. Nele, devem constar, de forma detalhada, os passos que serão tomados para a recuperação da Usina, incluindo o prazo a forma do pagamento das dívidas.
Nesse período, também devem ser apresentadas contas demonstrativas mês a mês, durante o processamento da recuperação judicial. As execuções, ações de conteúdo líquido, constrição patrimonial ou bloqueio de penhora de quantia líquida ou não estão suspensos até o fim do prazo.
“É possível afirmar, ainda que em uma análise perfunctória da situação, ser a atividade desenvolvida pelas requerentes notoriamente rentável, não só pelo tempo de mercado, mas por todos os indicativos trazidos, o que confere ao plano de recuperação a ser desenvolvido considerável possibilidade de êxito”, afirma o juiz Alexandre Machado de Oliveira, da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Largo.
O plano elaborado será, posteriormente, apresentado aos credores. Caso eles não aceitem as propostas feitas, a Justiça poderá declarar a falência da empresa.

Na última segunda (26), funcionários da usina fizeram um protesto em Rio Largo para cobrar a verba rescisória da demissão em massa que aconteceu no início de fevereiro. Cerca de 90% do quadro funcional da empresa foi demitido. Segundo esses trabalhadores, sem aviso prévio. O pagamento deles está condicionado à elaboração do plano de recuperação.