Lucro da Lincoln Junqueira caiu 73% na safra passada
02-08-2019

A seca prolongada do ano passado, que golpeou os canaviais do Paraná, e a redução dos preços do açúcar espremeram os ganhos do grupo Lincoln Junqueira, que conta com cinco usinas no Centro-Sul e tem um perfil de produção mais voltado para a commodity do que ao etanol. Na safra 2018/19 - que, para a companhia, terminou em 30 abril -, o lucro líquido recuou 73%, para R$ 95,4 milhões.

A estiagem levou a uma queda de 3% no volume de cana moído pelo grupo na safra, que ficou em 14,9 milhões de toneladas, e chegou até a "matar" algumas plantas, o que demandou um aumento nos investimentos no replantio de lavouras. Os gastos com investimentos do grupo cresceram 11%, para R$ 552 milhões, destinados sobretudo ao plantio de cana. A taxa de renovação (percentual da área plantada sobre a área total de cana) teve que aumentar para 22%, ante uma média de 16%.

A companhia ainda foi particularmente afetada pela queda de preços do açúcar. Além de as cotações do açúcar bruto terem visitado os menores patamares em dez anos, as usinas em geral ainda tiveram que aceitar descontos elevados ante os valores praticados na bolsa de Nova York para competir com o produto de outras origens. A pressão do mercado externo se refletiu no doméstico, para onde é destinada a maior parte da oferta de açúcar do grupo, que também ainda vem sofrendo a pressão da falta de dinamismo da economia brasileira.

A receita com as vendas de açúcar cedeu 15%, para R$ 1,7 bilhão. O resultado foi parcialmente compensado por mais ganhos nos mercados de etanol e de energia elétrica, já que a companhia aproveitou os preços elevados do megawatt-hora (MWh) no mercado livre. A receita líquida do grupo ficou em R$ 2,6 bilhões, uma redução de 4%.

A queda nas margens, porém, ganhou proporções maiores porque a valorização do dólar aumentou os custos de insumos importados. Segundo um dos membros da diretoria, que preferiu não se identificar, alguns adubos tiveram alta de 90%. O custo total aumentou 9%, para R$ 2 bilhões.

Com pressão dos custos, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) apresentou queda de 27% e ficou em R$ 779 milhões. Também sob efeito da alta do dólar, a dívida líquida cresceu 56%, para R$ 1 bilhão. Dessa forma, a alavancagem passou de menos de 1 vez para 1,3 vez no encerramento do último ciclo.

Para a safra atual, a diretoria espera recuperar a perda na moagem e chegar a 15,5 milhões de toneladas, voltando ao patamar da safra 2017/18. O faturamento também deverá ganhar impulso com as vendas de etanol, cujos preços estão melhores nesta safra. (Valor Econômico 02/08/2019)