Lucro da São Martinho recuou 29,5% no trimestre
09-02-2017

A quebra da safra de cana decorrente de geadas no inverno e a antecipação das exportações de açúcar na primeira metade do ciclo 2016/17 fizeram com que o lucro líquido do Grupo São Martinho caísse 29,5% no terceiro trimestre da temporada, para R$ 55,8 milhões.

Com as três geadas que afetaram seus canaviais, a empresa reduziu em 3,7% o volume de cana processada em relação à safra anterior, para 19,3 milhões de toneladas e, do caldo obtido, priorizou a produção de açúcar. Isso concentrou a quebra na produção e na receita com o etanol.

Mas o faturamento com as vendas de açúcar também caiu em relação ao terceiro trimestre da safra anterior, quando a estratégia de vendas foi oposta. "Sabíamos que ia haver dificuldade de escoamento de açúcar no terceiro trimestre, por isso carregamos mais no primeiro e no segundo. No terceiro trimestre do ano passado, havia mais janela de embarque do que neste. São dois trimestres de estratégias diferentes", disse Fábio Venturelli, CEO do grupo.

A receita líquida do período ficou em R$ 607,8 milhões, uma redução de 12,8%. Com açúcar, o faturamento recuou 8,8%, e somou R$ 347,9 milhões. "Como o preço está alto, os compradores esperam uma janela para ver se reduzem o preço. Isso influencia a disponibilidade de navios nos portos", acrescentou.

A receita com as vendas de etanol hidratado caíram 21,6%, para R$ 143,8 milhões, enquanto as vendas de etanol anidro renderam 10,4% menos, a R$ 197,6 milhões.

Com receitas menores, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 17,1%, para R$ 341,6 milhões, reduzindo a margem Ebitda para 46,2%.

Para o total da safra, porém, a São Martinho mantém sua estimativa para o Ebitda ajustado para algo entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,5 bilhão, dado que, no acumulado do ciclo, o resultado já superou R$ 1 bilhão. Além disso, o número do próximo trimestre refletirá a incorporação da Nova Fronteira, considerada uma "forte geradora de resultado".

Diante da estratégia para os estoques até então, o grupo aumentou sua dívida para financiar o capital de giro. A dívida líquida alcançou R$ 2,9 bilhões no fim do trimestre, alta de 4,2% desde o início da safra, e a alavancagem subiu para 2,09 vezes.

Segundo Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho, esse aperto financeiro deve aliviar no quarto trimestre. "Tem um capital de giro grande empregado. O estoque vai ser convertido em caixa no próximo trimestre", afirmou. Ainda deve haver impacto positivo da incorporação da Nova Fronteira, com dívida de apenas R$ 180 milhões.

Para reduzir a pressão da dívida no curto prazo, o grupo contratará um financiamento de US$ 90 milhões, com vencimento em oito anos e quatro anos de carência, segundo Vicchiato. No fim do trimestre, R$ 1,038 bilhão em dívida vencia em 12 meses, ou 27% da dívida bruta.