Lucros adocicados no mercado sucroalcooleiro
20-09-2016

Depois de experimentar uma sequência de vários anos em dificuldades, o setor sucroalcooleiro teve uma reação neste ano, fomentada, principalamente,pela elevação do preço do açúcar no mercado internacional.
Houve um déficit do produto no mercado internacional, com a oferta menor do que a procura e também devido a influência da alta do dólar.

Segundo o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Campos, na safra 2016/2017, a colheita de cana deve ficar em cerca de 65 milhões de toneladas (mesma quantidade da safra anterior). A expectativa é de uma produção no estado de cerca de 3,5 milhões de toneladas de açúcar, com um aumento da ordem de 8% em relação ao ano passado. É esperada ainda uma produção em Minas de 2,9 bilhões de litros de etanol, que deve sofrer uma pequena queda (de 1% a 2%) em relação à safra 2015/2016.

“Estamos na expectativa de que neste ano teremos uma boa safra, com o aumento da produtividade e da qualidade. Somando isso com as expectativas de melhoria de mercado, os produtores estão animados, com a esperança de que vamos recuperar os prejuízos dos últimos anos”, afirma o engenheiro-agrônomo Rodrigo Piau, coordenador Agrícola da Associação dos Produtores de Cana de Campo Florido (Canacampo).

A associação de Campo Florico engloba 56 produtores, que cultivam uma área total de 57 mil hectares de cana. O plantio e a colheita da cana são mecanizados. Mesmo assim, a atividade gera cerca de 2 mil empregos na região de abrangência da Canacampo. A matéria-prima é fornecida para o Grupo Cururipe, que conta com quatro usinas no Triângulo.

Conforme Rodrigo Piau, na safra 2015/2016, a produtividade média na região foi de 86 toneladas por hectare. Agora, os produtores esperam uma produtividade de, no mínimo, 90 toneladas por hectare. Mas, o que mais entusiasma os plantadores de cana do Triângulo é a melhoria do preço do produto.

.O setor sucroalcooleiro experimenta um momento de alívio, após enfrentar situações críticas nos últimos seis anos. No período, foram fechadas 80 usinas de açúcar e álcool no país, das quais seis em terras mineiras, conforme dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).
A crise enfrentada pelo segmento é atribuída ao fato de o preço dos combustíveis ter permanecido estabilizado, enquanto os custos de operação das usinas aumentaram, asfixiando as empresas. “O governo manteve o preço da gasolina estabilizado na bomba durante seis anos. Com isso, nesse período, o valor do etanol também não aumentou, já que acompanha o preço da gasolina. Só que os custos das usinas aumentaram”, afirma o presidente da Siamig, Mário Campos, lembrando que o etanol está sendo vendido hoje por cerca de R$ 1,60 o litro pelas usinas. Até o ano passado, custava R$ 1,20.

Campos observa que, por conta da crise que atravessaram, várias usinas entraram em recuperação judicial. Um dos obstáculos enfrentados é a taxa de juros, na faixa de 14% ao ano. Ainda segundo o dirigente da Siamig, descapitalizadas, as empresas deixaram de investir na melhoria do processo de produção da cana de açúcar. Por isso, hoje existe uma grande oscilação na produtividade.

Campos ressalta que, atualmente, o segmento experimenta uma reação por conta do aumento da melhoria da remuneração do açúcar e de mudanças na legislação tributária que influenciaram no aumento do consumo do etanol. Uma das medidas positivas foi a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Minas Gerais de 19% para 14%.

O presidente da Siamig conta que o estado é um dos grandes produtores de etanol do país. No entanto, o consumo do combustível produzido com a cana-de-açúcar não era tão expressivo e parte da produção mineira tinha que ser enviada para outros estados. “Agora, depois da redução da alíquota do ICMS, Minas Gerais, que tem a segunda maior frota nacional de veículos, também virou o segundo maior consumidor de etanol do país. Todo o álcool produzido em Minas é vendido no próprio estado”, diz Mário Campos.