“Mago” ou capacitado para gestão?
27-04-2018

Estimativa dos técnicos da MBF AGRIBUSINESS aponta que endividamento das usinas deve superar R$ 125,00 por tonelada de cana

*Marcos Françóia

As dificuldades que as usinas sucroalcooleiras deverão enfrentar esse ano podem ser ainda piores do que as já enfrentadas, e com isso, levar com elas para o caos muitas empresas do segmentometalomecânico que dependem desse setor.
Repete-se a cada dia notícias negativas do setor que é próspero, porém precisa de renovação no seu formato de gestão em maior parte das empresas. Saliento, essa renovação deve ser em toda sua cadeia produtiva, pois há problemas de gestão nas usinas, onde ainda muitas delas insistem em uma administração familiar e que não corresponde com as necessidades do mercado, como há problemas de gestão nas empresas de segmentos que dependem das usinas. Há gestores incapazes de tomar decisões focadas em soluções, minimizando as dificuldades.

Não é preciso ser um “mago” para chegar a essa conclusão, mas sim um observador e analista do mercado que tenha visão estratégica de longo prazo.
Muitas vezes posso parecer duro nas críticas, mas com uma experiência de mais de 30 anos atuando nesse mercado e convivendo com empresas em dificuldade econômica, além do convívio com empresários abalados emocionalmente, me pergunto quanto tempo mais resta para que muitos grupos se mantenham em atividade. A conjugação de problemas econômicos e gestores desafinados na orquestração das operações “do campo ao banco”, tem prejudicado o mercado e afetado outras empresas que possuem organização e capacidade de gestão.

Esse impacto negativo no mercado se dá com vendas antecipadas dos produtos finais a preços que muitas vezes são abaixo do custo de produção, ou os preços são corroídos pelos custos financeiros das antecipações. Impacto negativo também nos custos de produção, pois empresas sem crédito pagam mais caro pela matéria-prima e outros produtos e serviços essenciais para manutenção da operação, inflacionando todo o mercado.
Com o aumento no custo de produção e mantendo-se as pressões sobre as cotações do preço do açúcar, o endividamento das usinas irá aumentar e provavelmente, pela estimativa dos técnicos da MBF AGRIBUSINESS deve superar R$ 125,00 por tonelada de cana. Essa conta sofre impacto tanto pelo aumento da alavancagem, como pela diminuição da moagem, porque a estimativa de cana para a safra 18/19 não é positiva.

Com níveis de preço margeando o custo de produção e ainda negativo para alguns grupos de empresas, não sobra recursos para pagar nem mesmo o custo da dívida, quem dirá o principal. Isso impacta diretamente nos resultados dos anos seguintes, pois novamente os grupos endividados deixarão de investir na lavoura e na qualidade industrial, colhendo nas safras seguintes resultados piores, e mais grave ainda, resultados negativos acumulados.

Sobrevivem nesse mercado as empresas que tem uma administração sólida e equilibrada emocionalmente, voltada a resultados e com olho estratégico em seus custos de produção. Empresas estas que vem há anos investindo na qualificação de pessoal, tanto para a apuração minuciosa de seus custos, como em técnicas e sistemas operacionais que aumentam a produtividade, a qualidade logística e a qualidade da gestão, com estrutura enxuta e tecnicamente produtiva.

Acreditem, ainda há executivos que quando pensam em reduzir custos, cortam primeiramente os investimentos em controles.Com pouca noção sobre o tema, direcionam para a controladoria profissionais produtores de informações e sem capacidade de análise para tomada de decisão e que não mostram a realidade dos rumos que a empresa está seguindo.

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