Margem do etanol em Araçatuba é a maior do Estado, aponta ANP
09-09-2016

Embora o etanol na região não seja o mais caro do Estado de São Paulo, levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), referente à semana passada, coloca Araçatuba e Birigui no topo de lista de cidades paulistas com a maior margem média - diferença entre o valor pago pelo posto à distribuidora e o praticado nas bombas.

De acordo com a pesquisa, 25 estabelecimentos de diferentes bandeiras em funcionamento na cidade-sede de região cobram do consumidor, em média, R$ 2,479 pelo litro do álcool, R$ 0,62 a mais do que os R$ 1,86 que desembolsam, em média, com as empresas fornecedoras de álcool. Araçatuba tem a margem média mais alta do etanol entre 113 municípios paulistas que a agência monitora semanalmente, seguida por Birigui, onde a diferença é de R$ 0,547 por litro - R$ 2,479 na venda, ante R$ 1,935 pago às distribuidoras.


Setor

O diretor regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), Fabiano Lima Pinto Ferraz, discorda dos cálculos da ANP em relação às margens médias da região. Segundo ele, a agência reguladora está utilizando preços ao consumidor atuais e valores pagos às distribuidoras de semanas passadas, no caso dos números referentes aos postos bandeirados.

Ferraz defende que os estabelecimentos com marcas como Petrobras e Ipiranga desembolsam entre R$ 2 e R$ 2,10 atualmente pelo litro do etanol que comercializam e não R$ 1,718 a R$ 1,906, como o levantamento informa. Segundo ele, as companhias praticavam esses valores antes da alta, em período onde havia uma disputa de preços entre os pontos comerciais. "Hoje a margem média do etanol em Araçatuba fica entre R$ 0,44 e R$ 0,49, no máximo", afirma. O diretor regional esclarece que não tem dados sobre postos de "bandeira branca" (que não estão vinculados a nenhuma distribuidora).

Para Ferraz, mesmo se a diferença entre os valores cobrados do consumidor e os pagos às distribuidoras fossem R$ 0,62, não haveria lucro abusivo, já que a margem média apontada pelo o ANP seria uma quantia bruta, que não leva em consideração os custos de operação de um estabelecimento do setor.


Despesas

De acordo com o diretor regional do Sincopetro, os proprietários possuem uma lista de despesas muito altas, o que inclui folha de pagamento de colaboradores, energia elétrica, impostos, descarte correto de resíduos, taxas ambientais, manutenção de equipamentos, todos sujeitos à inflação ou reajustes. Ele calcula que os gastos fixos das empresas do ramo ficam entre R$ 0,40 e R$ 0,45 por litro do etanol.

Além disso, há gastos emergenciais como troca de lâmpadas de bombas por empresas autorizadas e a fiscalização do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), despesas que somam R$ 318,60 por bico. Neste caso, não há periodicidade específica.

Ele calcula que só com um funcionário os postos gastem aproximadamente R$ 2,5 mil por mês, incluindo salários, tributação e benefícios. "Manter um posto não é essas mil maravilhas que o consumidor pensa." Ferraz contesta também as acusações de que existiria combinação entre empresas para determinar os valores cobrados ao consumidor. "Onde já se viu um cartel onde há briga para ver qual posto cobra menos, como as empresas disputavam aqui?"


Realidade

O proprietário de autoposto Fabio Renato Magoga afirma que postos sem bandeira conseguem uma margem maior no mercado paralelo e influenciam os cálculos da agência reguladora. Para ele, operar um posto gera despesas muito grandes com serviços de energia elétrica, pagamentos aos empregados, manutenção, despesas ambientais, além de os empresários do ramo enfrentarem problemas como assaltos. "Quem é novo no ramo acha que vai ter muito lucro, depois que vê a realidade, fecha o negócio."


Birigui está no topo do ranking com a gasolina mais cara de São Paulo

Já no caso da gasolina, Birigui tem o maior preço médio do Estado de São Paulo e também a margem média, conforme a ANP. Levantamento com dados coletados na semana entre 29 de agosto e 2 de setembro mostra que postos do polo calçadista ofereciam o litro do combustível fóssil por R$ 3,758, em média. A diferença em relação aos R$ 3,025 que pagam, em média, para as distribuidoras é de R$ 0,733.


Cidade-sede

Em Araçatuba, o preço médio que o consumidor desembolsa para abastecer o veículo com o derivado de petróleo é R$ 3,708, o litro. Como os estabelecimentos da cidade-sede de região arcam R$ 3,016, em média, pelo litro da gasolina que vendem, a margem média é de R$ 0,692, a terceira de São Paulo, segundo a ANP. Araçatuba quase empata com a terceira colocada, Franca, onde a diferença é de R$ 0,693.

Conforme o levantamento, o preço máximo da gasolina em Araçatuba e Birigui é R$ 3,799, o litro. Já o valor mínimo pelo qual o combustível é oferecido ao consumidor é R$ 3,679, no polo calçadista, e R$ 3,54, em Araçatuba.

Rafaela Tavares