Mecanização atropelada
28-10-2015

Paulo Roberto Artioli, produtor de cana e diretor da agrícola Tecnocana, de Macatuba, SP, observa que a mecanização nos canaviais começou pelo fim do processo, ou seja, pela colheita, o certo seria começar pelo plantio. “Principalmente para cumprimos as exigências ambientais contra a queima,investimos na mecanização da colheita, e não estruturarmos a entrada da máquina no plantio. Não fizemos isso, hoje temos o sistema de colheita mais evoluído que o do plantio”, observa. Segundo o CTC, nesta safra 2015/16, o corte mecanizado deve chegar a 97% do total dos canaviais do Centro-Sul do Brasil.

Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor da Canaplan, o setor foi atropelado pelo governo, principalmente em São Paulo, o que acabou determinando o ritmo de mudança do processo. “A colheita atropelou o plantio e com o plantio atropelado, digamos assim, não deu tempo de preparar a lógica deste processo de modo a ter maior eficiência em suas operações. O plantio tem que estar casado com a colheita. A forma, o desenho do canavial para a colheita é feito no plantio.”

De acordo com a Canaplan, o custo de plantio de cana por hectare varia de acordo com as operações realizadas na fundação do canavial e com os insumos utilizados, no entanto os valores médios do Centro/Sul permanecem entre R$ 6.000,00 e 7.000,00 por hectare. Para Artioli, além do alto custo, o problema aumenta em decorrência da baixa eficiência do plantio mecanizado. “Precisa melhorar muito a tecnologia de plantio. É um absurdo utilizar cerca de 20 toneladas de cana por hectare. Estamos jogando dinheiro no sulco”, salienta Artioli sobre a quantidade de cana-tolete que a plantadora esparrama nas linhas da cana.

Carvalho observa que a correção do processo acontecerá com o tempo, sendo melhorado ano a ano. Mas como a cana é cultivada em ciclo longo, demora mais para que isso aconteça. Segundo ele, um gargalo do plantio não está na prática em si, mas na sistematização do terreno, no planejamento para que sejam áreas mais longas, para que a máquina faça menos movimentos de ida e volta e se tenha maior eficiência.Segundo Carvalho, a crise também impacta no processo de aperfeiçoamento do plantio das plantadoras de cana. “A recuperação é mais longa, lenta, em função das dificuldades que se tem.”

Veja matéria completa na editoria Capa na nova edição da CanaOnline.
Visualize no site ou baixe grátis o aplicativo da CanaOnline para tablets e
smartphones – www.canaonline.com.br