Medidas de manejo para reduzir a incidência da podridão abacaxi nos canaviais

29-06-2023

Normalmente, no plantio de cana no inverno a brotação é retardada e os rebolos ficam expostos a fungos presentes no solo, como o Ceratocystis paradoxa

Em decorrência das grandes áreas de plantio de cana, aumenta a cada ano no setor bioenergético a prática do plantio durante todo o ano, uma vez que a distribuição do plantio ao longo do ano facilita o gerenciamento de modo a utilizar com maior eficiência o maquinário de plantio.

No entanto, pesquisadores não recomendam o plantio de cana no inverno, que na região Centro-Sul, geralmente ocorre entre maio e agosto. Basicamente por dois motivos: as condições de baixa temperatura e baixa umidade atrasam a brotação dos rebolos; dessa forma, a cultura fica exposta a algumas espécies de fungos presentes no solo que causam a podridão dos rebolos plantados.

Dentre essas espécies de fungos que atingem os rebolos de cana destaca-se o Ceratocystis paradoxa, agente causador da podridão abacaxi. Um patógeno polífago, isto é, ataca diversas espécies de plantas e está presente em todas as regiões de cultivo de cana-de-açúcar do país.

O DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA

O atraso da brotação dos rebolos e a maior incidência da podridão abacaxi elevam os riscos de ocorrerem falhas no canavial e quedas de produtividade decorrentes dessas falhas. Havendo queda de produtividade, certamente a rentabilidade do produtor também será afetada.

Pesquisadores explicam que quando a brotação da cana-de-açúcar é retardada, os esporos de Ceratocystis paradoxa, que estão presentes no solo, são estimulados a germinar por algumas substâncias liberadas pelos rebolos de cana e penetram pelos ferimentos existentes nesses rebolos. Assim, quanto mais frio e mais seco for o inverno, e caso nenhuma medida de manejo seja adotada, os riscos de grandes incidências da doença no canavial são elevados.

O sintoma típico da doença é a fermentação dos rebolos atacados, que exalam um odor característico de abacaxi. O nível de danos causados pela doença depende da adoção ou não de medidas de manejo por parte do produtor, bem como das condições de umidade e temperatura durante o inverno. Quanto mais frio e mais seco for o inverno, maiores serão os níveis de danos.

A podridão abacaxi já ocorre no país há algumas décadas, principalmente na região Centro-Sul, onde o inverno é mais rigoroso.

MANEJO

Mas, como, já foi adiantado, por necessidade, cresce a prática de se plantar cana o ano inteiro, então, pesquisadores passam medidas de manejo que podem ser colocadas em prática visando a redução dos prejuízos causados pela podridão abacaxi, caso se opte pelo plantio de inverno.

As mais importantes são as seguintes: uso de irrigação, devido à baixa disponibilidade de água no solo durante esse período; e aplicação de fungicidas nos rebolos (utilizar somente produtos registrados para controle da podridão abacaxi).

Outras medidas que devem ser consideradas para o manejo da podridão abacaxi são:
- uso de variedades com rápida brotação;
- dar preferência para o plantio de gemas mais novas, que tendem a brotar mais rapidamente que gemas mais velhas;

- minimizar os ferimentos nos rebolos, que poderão servir como vias de penetração para o fungo;

- plantios de maiores quantidades de gemas por metro de sulco, o que seria uma maneira de compensar as possíveis falhas de brotação;

- realizar um preparo de solo adequado, reduzindo sua compactação e eliminando os torrões, fornecendo melhores condições para a brotação; e
- fazer o plantio mais raso, especialmente quando as condições forem propícias à doença.

Fonte: CanaOnline