Melhorar a eficiência energética dos motores é fundamental para a competitividade do etanol
04-05-2015

Aperfeiçoar a eficiência energética do etanol nos motores flex derrubaria argumentos negativos que se tem hoje contra o biocombustível

“Sem dúvida, não tem medida mais importante do que fazer com que o uso de etanol nos veículos flex ganhe em eficiência”, salienta Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar).
Segundo ele, o Programa Inovar-Auto é uma política positiva nesse sentido e que precisa avançar. Este ganho de eficiência energética aumentaria a competitividade do biocombustível, que não dependeria apenas de redução de tributos sobre o etanol ou aumento da carga tributária sobre a gasolina, por exemplo.
“Os motores que temos são calibrados para gasolina. Não para etanol. É importante que as pesquisas evoluam para que esta calibragem contemple a maio eficiência energética possível para o etanol também”, lembra Miguel Tranin, presidente da Alcopar (Associação dos Produtores de Bioenergia do Paraná). Para ele, o incentivo de pesquisas para o aperfeiçoamento dos motores, estabelecido na Lei 12.996/14, é fundamental.
Melhorar o nível da eficiência energética do etanol nos motores flex derrubaria argumentos negativos que se tem contra o biocombustível. De que o veículo rende mais quando é abastecido com a gasolina, por exemplo. Com o aperfeiçoamento energético, ficaria mais fácil para o consumidor não apenas levar em conta o fator econômico na hora de abastecer o carro, mas também as externalidades do etanol, como as suas vantagens ambientais.
Para Tranin, a morosidade das pesquisas com o motor flex por parte das montadoras está relacionada com as características do mercado mundial. “A visão de negócio das montadoras é de desenvolverem e produzirem veículos que possam ser vendidos em qualquer lugar do mundo. Mas embora o Brasil seja um grande mercado, o país requer um veículo diferenciado, dotado de uma tecnologia flex que permita o uso do biocombustível na bomba, realidade que não existe em nenhum outro país. Isso acarreta certa lentidão ou uma menor dedicação ao tema, uma vez que o investimento no aperfeiçoamento do motor flex seria apenas focado ao mercado brasileiro.” Visão que tende a mudar, segundo Tranin, a partir do momento que as montadoras passam a ser estimuladas no Brasil pelo benefício fiscal, conforme estabelece o Inovar-Auto.

REGULAMENTAÇÃO - O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) publicou, no final de março, portaria que estabelece regulamentação complementar do programa de incentivo ao setor automotivo brasileiro (Inovar Auto). O texto trata dos procedimentos a serem observados pelas montadoras para o cumprimento da meta de eficiência energética e fixa também créditos adicionais destinados à redução do consumo energético de veículos leves.
Os dados de eficiência energética devem ser enviados pelas empresas habilitadas em formulário próprio ao MDIC, que fará a verificação das informações. O Ministério poderá publicar relatório indicando, por exemplo, o consumo energético atingido por empresa no período em análise, as metas de eficiência, e a meta de eficiência energética de todos os veículos comercializados no País pelas empresas habilitadas.
A portaria ainda detalha aspectos sobre os créditos do uso de tecnologias, ensaios e auditoria, e veículos com novas tecnologias de motorização. O Inovar Auto foi criado em 2012 e, entre os incentivos tributários, as montadoras participantes do regime obtêm redução de IPI e crédito presumido, desde que cumpram algumas exigências, entre elas metas de eficiência energética.

ETANOL A JATO - Para saber mais sobre a importância da melhoria da eficiência energética dos motores flex com etanol, veja a reportagem de capa de CanaOnline deste mês, intitulada “Etanol a Jato”.

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