“Menino Monstro” derruba previsão de safra no Nordeste
02-12-2015

Maior que o ocorrido em 1997/1998, esta é a análise sobre o “El Niño” 2015, tanto que foi batizado de “Menino Monstro. Este fenômeno climático é caracterizado pelas temperaturas altas na superfície dos mares no Pacífico, e ocorre entre a costa oeste da América Latina e o Sudeste Asiático, mas seus efeitos podem ser sentidos em todo o mundo – atingindo Japão e a região norte do Pacífico. Várias vezes, ele levou a desastres naturais.

A grosso modo, trata-se de um ciclo anual que, em alguns anos, é pouco sentido. A mudança da temperatura na superfície do mar interage com a atmosfera sobre o Oceano Pacífico e, em uma temporada extrema, verifica-se o que os cientistas chamam de "evento". De três a sete anos, acontece um pico: quando quantidade suficiente de água quente – em um "El Niño" – se concentra no leste do Pacífico, próximo a costa do Peru. Como um evento climático, pode-se perceber que os picos começam no final de dezembro.

Mas o “Menino Monstro” já provoca estragos no Brasil, com muita chuva na região Sul e seca no Nordeste, onde a cana-de-açúcar foi seriamente afetada. O que levou consultorias a reavaliarem para baixo suas análises de produção. No fim de outubro, a Datagro, maior consultoria do mundo em cana, açúcar e etanol, reduziu sua projeção para a safra Nordeste para 52 milhões de toneladas, ante os 59,2 milhões de toneladas projetadas anteriormente.

Agora em novembro, a consultoria FCStone reduziu em 6 milhões de toneladas para 53,5 milhões a estimativa para a moagem de cana-de-açúcar na região Nordeste nesta safra 2015/16. Nos números da FCStone, a previsão agora é de uma produção de açúcar no Nordeste de 3,08 milhões de toneladas, uma queda de 13,6% em relação ao estimado em agosto pela consultoria. Para a fabricação de etanol, a nova estimativa da FCStone é de um volume de 1,99 bilhão de litros, queda de 11,5% frente ao projetado em agosto.

Alexandre Andrade Lima, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), diz que a quebra nos canaviais na zona da mata norte (a mais seca do estado), chega a ser de 50% e dá como exemplo a usina Cruangi, reaberta nesta safra após três anos sem moer, “a expectativa era colher 500 mil toneladas, mas se confirmar o cenário de seca, não deve chegar a 350 mil”. A Cruangi é gerida pela Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf), da qual Alexandre preside. Ainda segundo ele, a média de quebra na safra pernambucana deve ser de 25%, a mesma média da região Nordeste. “Lamentável, justamente em um momento que os produtos estão valorizados, teremos menos matéria-prima.”
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