Menor endividamento não é sinal de recuperação do setor
03-01-2018

Menor investimento no controle de pragas, por exemplo, representa redução de custo, mas impacta negativamente nos resultados futuros


*Marcos Françoia

A dívida acumulada ao longo dos anos pelo setor sucroenergético continuará a ser a maior vilã nos próximos anos, impedindo investimentos no campo, na indústria e em sistemas de gestão, e com isso,permanecendo a produzir resultados econômicos negativos para muitas empresas.

Muito tem se falado sobre a estabilização e até queda do endividamento nos últimos dois anos, estando atualmente em torno de R$ 119 por tonelada, segundo os números divulgados pelo Rabobank do Brasil. Número esse, apurado a partir do portfólio das Cias. que operam com a instituição financeira e que representa uma amostra significativa do cenário.

Parte dessa diminuição do endividamento se deu em função da menor cotação do dólar, já que grande parte foi contraído na moeda americana, do que pela melhora do resultado operacional das empresas, o que de certa forma é uma recuperação que mascara a realidade do setor e que definitivamente o colocaria o numa linha efetiva e de menor risco para a equalização da dívida ao longo do tempo.

Em outro estudo, agora do Itaú BBA, fica clara a distância entre as empresas que estão obtendo bons resultados com o cenário atual de preços e as que estão se afundando ainda mais na dívida por não conseguirem as melhores margens, pois pela falta de crédito, não conseguem fixar melhor seus preços no mercado internacional e geralmente vendem com desconto no mercado interno e, ainda, compram muito mal. Esse segundo grupo, com um endividamento acima de R$ 140 p/ton processada - que faz a média se elevar para R$ 119 p/ton, preocupa o mercado financeiro e ainda está na mira para aquisição dos grupos mais estruturados.

Quanto a melhora dos resultados operacionais, algumas empresas acabam por apresentar números melhores.No entanto, como já foi alertado em outros textos e em nossos relatórios de monitoramento, muitos resultados “são forçados”, quando deixam de realizar dispêndios com atividades necessárias para uma perfeita operacionalização, manutenção e até mesmo melhora dos rendimentos, visando atender as necessidades de caixa.

Gastos menores representam uma redução de custos e melhora o resultado operacional, dando a impressão de que estão fazendo ações corretivas planejadas e sustentáveis, quando na realidade são frutos de ações “forçadas”, que impactam negativamente nos resultados futuros, com menor produtividade agrícola, menor rendimento industrial, bem como aumento nos custos logísticos.

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