Menor oferta e maior demanda provocam fila de espera por muda de cana
02-12-2021

Matrizeiro da Spinagro, viveirista de MPB, em três momentos de 2021 – Antes da seca e geada – depois da seca e geadas – e com a volta das chuvas. Fonte: Spinagro
Matrizeiro da Spinagro, viveirista de MPB, em três momentos de 2021 – Antes da seca e geada – depois da seca e geadas – e com a volta das chuvas. Fonte: Spinagro

Seca, geadas e incêndios atingiram os matrizeiros de mudas de cana, reduzindo o volume de cana-muda. Por outro lado, a morte da socaria, em decorrência desses fenômenos, provoca o aumento da demanda por mudas

Não é choro de produtor, a muda de cana está em falta neste final de 2021 e essa condição deve-se manter no início de 2022. A escassez é resultado da seca, geadas e incêndios na região Centro-Sul ao longo do ano e que provocaram a morte de parte da socaria exigindo maior replantio, o que eleva a demanda. Mas o principal motivo é a menor oferta de muda, pois os matrizeiros também foram afetados por esses fenômenos que provocaram a morte ou o atraso do desenvolvimento da cana, reduzindo o volume da cana-muda para a realização do plantio. Levando à fila de espera para obtenção de muda de cana.

Unidades sucroenergéticas e produtores sofrem com o problema, e até mesmo os viveiristas de muda pré-brotada (MPB), alguns tiveram suas áreas atingidas por incêndios.

No ano passado a Spinagro produziu 4,5 milhões de mudas

Esse não foi o caso a Spinagro empresa especializada na produção de MPB, localizada no município paulista de Batatais. Laura Vicentini, gerente técnica e sócia-fundadora da Spinagro, conta que foi necessário esforços para conter o fogo que se aproximou dos matrizeiros de onde se retiram as gemas para a produção de MPB.

O fogo, a equipe Spinagro conseguiu deter, mas a seca e as geadas não. Os matrizeiros sofreram com as intempéries climáticas e precisaram ser roçados, com isso, a cana não está no tamanho adequado para a retirada das gemas para a produção de MPB. A Spinagro teve próximo de 50% de sua produção comprometida.

As intempéries climáticas comprometeram cerca de 50% do matrizeiro da Spinagro


Na última safra, a companhia comercializou cerca de 4,5 milhões de mudas, enviadas para nove estados brasileiros. Laura explica que o plantio de MPB das linhas da Meiosi ocorre, principalmente no meio do ano, já nesta época, a MPB é utilizada mais para o plantio de cantosi.

O período de janeiro a março é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, por suas boas condições de umidade e temperatura, que podem dar melhor garantia para o desenvolvimento das gemas. Nessas circunstâncias é possível uma brotação rápida, o que reduz a incidência de doenças nos toletes. É neste período que se planta a chamada cana de ano e meio. E de outubro a dezembro planta-se a cana de ano.

No entanto, a falta ou o atraso na produção de mudas, seja de MPB ou tolete, pode alterar as janelas de plantio. Laura comemora as boas chuvas e com ela a resposta positiva do matrizeiro, o que reduz as perdas, mas o tempo adequado com a cana no ponto ideal para a retirada da gema, está comprometido.

Com a retomada das chuvas, o matrizeiro está se recuperando, mas a retirada das gemas deve atrasar

João Rosa (Botão), gestor de Projetos do Pecege, salienta que a muda representa 18% dos custos atuais de implantação de canavial. Mas no caso da MPB, Laura observa que esse custo já foi de 23%, caiu em decorrência do maior volume de produção e principalmente do aumento da taxa de multiplicação, o que antes ficava em torno de 1x10, hoje muitos já alcançam em torno de 1x28, ou seja, uma linha-mãe plantada com MPB será desdobrada e cobrirá 28 linhas. Então, o custo da MPB já foi maior, porém, agora com menor oferta e maior demanda, o mercado ditará o preço.

Fonte: CanaOnline