Mercado de açúcar e etanol enfrenta volatilidade com projeções de queda na produção e ajustes na paridade
23-10-2024

Estoques globais do alimento estão sob pressão com prolongada entressafra

O mercado de açúcar apresentou certa estabilidade nas cotações durante a semana, com oscilações sutis, principalmente devido à redução nas estimativas de produção no Centro-Sul do Brasil.

A Wilmar International revisou para baixo suas projeções de produção, de 39,5 para 38,8 milhões de toneladas, o que gerou uma alta inicial de 0,7% nos contratos futuros. No entanto, ao final da semana, os preços voltaram a cair levemente, com os contratos de março de 2025 fechando a 22,18 cts/lp, uma variação de -0,3% em relação aos 22,24 cts/lp da semana anterior, conforme identifica relatório semanal da FG/A.

A seca prolongada, combinada com incêndios nos canaviais, obrigou muitas usinas a encerrarem a colheita antes do previsto, aumentando o temor de escassez nos estoques globais de açúcar. Com o término antecipado da safra no Centro-Sul, o mercado deve enfrentar um período prolongado sem produção, agravando o déficit de oferta global, especialmente com as restrições nas exportações indianas.

Além disso, o dólar manteve sua trajetória de valorização, encerrando a semana cotado a R$ 5,67, um aumento de 0,7% em relação ao fechamento anterior. Esse movimento favoreceu os preços do açúcar em reais, que subiram 0,3%, com o contrato de março/2025 sendo negociado a R$ 2.945 por tonelada.

Especuladores também aumentaram suas posições no mercado de açúcar. Segundo o último relatório da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), os fundos especulativos aumentaram suas compras em 6,6 mil lotes, totalizando 56,5 mil lotes.

Etanol: preços estáveis e ajustes de paridade à vista

No mercado de etanol, a situação foi de estabilidade. O indicador de preços do etanol hidratado, divulgado pelo CEPEA, fechou a semana cotado a R$ 2,67/litro, com uma variação mínima de 0,3%. No acumulado da safra 2024/25, o preço médio foi de R$ 2,57/litro, uma alta de 3,6% em relação à safra anterior.

A FG/A projeta que os preços do etanol podem se ajustar nos próximos meses, conforme o consumo e a oferta se equilibrem. Até a segunda quinzena de setembro, as usinas do Centro-Sul comercializaram 11,5 milhões de metros cúbicos de etanol hidratado, com uma paridade média de 65,4% em relação à gasolina. A manutenção de níveis normais de estoque depende da redução do consumo, o que permitiria maior ajuste na paridade.

Nos principais estados produtores, a paridade entre o etanol e a gasolina se manteve estável. Em São Paulo, a paridade foi de 65,2%, ainda favorável ao consumo do etanol frente ao combustível fóssil. Em outros estados, a paridade ficou em torno de 66,2%.

Com a previsão de queda na produção de cana e os ajustes esperados no mercado de etanol, os próximos meses serão decisivos para o equilíbrio do setor. A competitividade do Brasil no mercado global de açúcar e etanol, mesmo diante de desafios climáticos, permanece sólida, mas as oscilações no câmbio e no consumo podem ditar o ritmo dos ajustes.