Mercado de fertilizantes vive entre pressões globais e cautela dos produtores rurais
17-06-2025
Alta de insumos e queda nos preços das commodities agrícolas desafiam equilíbrio de custos nas lavouras
O cenário global de fertilizantes apresentou oscilações relevantes ao longo de maio, exigindo atenção redobrada dos produtores rurais e reforçando a necessidade de gestão eficiente dos custos de produção. Enquanto alguns insumos mantiveram sua trajetória de valorização, outros setores do agronegócio brasileiro enfrentaram retrações de receita, desequilibrando a relação de troca em diversos cultivos.
O cloreto de potássio (KCl) foi um dos destaques do mês, com um avanço de 3% nos preços internacionais, alcançando US$ 363 por tonelada. Esse movimento de alta, que vem sendo observado desde outubro de 2024, decorre principalmente de restrições nas exportações da Bielorrússia e da Rússia, dois grandes fornecedores globais. A continuidade da demanda firme por parte de países como Brasil, China e Índia também contribuiu para sustentar o aumento nos preços.
Outro insumo que seguiu a tendência de alta foi a ureia, que também chegou a US$ 363 por tonelada. A elevação nos preços é resultado direto da pressão persistente dos custos energéticos, especialmente do gás natural, utilizado como matéria-prima na produção do fertilizante. Desde o início de 2025, esses custos vêm impactando toda a cadeia global de fertilizantes nitrogenados, tornando o cenário ainda mais desafiador para os produtores.
Mercado interno pressionado por queda nos preços do milho e da soja
No Brasil, o reflexo dos custos elevados dos fertilizantes foi especialmente sentido pelos produtores de milho, que viram uma queda significativa no preço do cereal. A tonelada do grão caiu de R$ 1.394 para R$ 1.233 no período, o que representa uma desvalorização de 11,6%. Essa queda provocou desequilíbrio na relação de troca frente ao KCl e à ureia, encarecendo o custo por hectare e apertando as margens operacionais nas propriedades.
Já a soja também apresentou leve recuo nas cotações. No porto de Paranaguá, a tonelada caiu de R$ 2.164 para R$ 2.135, uma redução de 1,3%. Embora menos expressiva que a queda do milho, essa desvalorização reforça a tendência de margens mais estreitas e destaca a urgência por uma gestão de insumos e estratégias de compra mais rigorosas, principalmente em períodos de maior volatilidade nos mercados globais.
Entregas de fertilizantes crescem em março, mas trimestre ainda reflete cautela
Apesar dos desafios no campo, os números de entregas internas de fertilizantes mostraram recuperação pontual. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), foram entregues 2,4 milhões de toneladas em março, um avanço de 14% em comparação ao mesmo mês de 2024. Esse crescimento pode indicar um movimento de reposição de estoques e preparação para o início das próximas safras.
No entanto, ao se analisar o acumulado do primeiro trimestre, o volume total entregue — 9,4 milhões de toneladas — ainda fica abaixo da média histórica recente, sinalizando uma postura mais cautelosa por parte dos produtores diante da combinação de preços elevados dos insumos e incertezas no mercado agrícola. Esse comportamento reflete uma estratégia de proteção frente à instabilidade global e às pressões sobre a rentabilidade.

