Milho em rotação com cana é alternativa para produção de ração e áreas de cana-de-ano
12-01-2018

Na corrida pela preferência dos canavicultores, o milho corre por fora. A parceria cana-milho até existe, mas é restrita ao interesse do empreendedor. Algumas propriedades, por exemplo, o utilizam com o objetivo de produzir ração para seu confinamento de gado. Caso utilizassem soja ou amendoim, teriam que vender sua produção para comprar ração.

O pesquisador da APTA, Denizart Bolonhezi, explica que, caso seja adotada essa opção, o nitrogênio que deixará de ser fixado no solo, pelo não uso da soja ou amendoim nas áreas de renovação, poderá ser fornecido utilizando o esterco do confinamento. “O produtor consegue produzir um fertilizante orgânico. Dessa forma, o déficit de nitrogênio no solo não será tão alto.”

Embora não fixe nitrogênio, o pesquisador ressalta que a utilização do milho em parceria com a cana também tem suas vantagens: (1) Em solos mais arenosos - com grande vulnerabilidade a erosão - pode contribuir em termos de conservação, pois vai deixar maiores quantidades de palha na área do que as outras duas culturas; (2) Algumas variedades de milho transgênicas podem ter efeito supressor na broca da cana (Diatraea saccharalis), que também é uma praga da cultura.

Outra possibilidade que se abre para o milho é nas áreas que receberão cana-de-ano. Como explicado no início, da colheita da cana até o plantio da cana-de-açúcarexiste uma janela de cerca de seis meses em que a terra fica ociosa. No caso da cana-de-ano, essa janela é ainda maior, pois o plantio do novo canavial será feito, não mais em março, como na cana de 18 meses, mas em agosto. Neste caso, após a colheita da soja no início do ano, o  produtor entraria com milho safrinha, criando renda naquela terra até que o canavial de cana-de-ano seja implantado dali a seis meses.

É o caso do produtor Pedro Luís Guerini, detentor de 900 hectares de terras na região paulista de Porto Feliz. Este ano, uma área de 200 hectares - destinada ao plantio de cana-de-ano -  recebeu milho safrinha após a soja. A produtividade colhida foi de 130 sacas/ha. “O milho, por ser da mesma família da cana, não quebra o ciclo de pragas e doenças. Mas isso não é um problema, porque já quebrei esse ciclo anteriormente com a soja. O que ele proporcionará é uma matéria orgânica alta e renda extra.”

Embora o preço do milho não esteja agradando – ano passado foi negociado a R$ 50 a saca e, este ano, estava cotado na faixa de R$ 20 -, Guerini afirma não estar preocupado. Com custo de produção próximo a R$ 23 por saca, a solução encontrada por ele para não perder dinheiro foi pagar uma cooperativa para estocar o produto que foi colhido. A esperança é que os preços melhorem num futuro próximo e o investimento seja recuperado. “Como não sobrevivo exclusivamente do milho, dá para seguir plantando, já que meu objetivo é agregar qualidade a cana-de-açúcar.”

E, mesmo com os preços em baixa, o produtor se recusa a tratar o milho levianamente. Pelo contrário. Faz um arroz com feijão mais do que bem-feito. Até mesmo com três aplicações de fungicida na área. Coisa que quase ninguém faz. “Como o preço está ruim, a maioria do pessoal trata o milho de qualquer jeito. Eu não. Trato ele muito bem”, finaliza.

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