Minhoca não é só exclusividade de canavial orgânico
28-12-2015

“O meu canavial também tem minhoca”, afirma Paulo Araújo Rodrigues, gestor da fazenda Santa Izabel, em Guariba, SP, sua produção não é orgânica, mas os cuidados com o solo não são desprezados, entre eles está a grande quantidade de material orgânico preservada nas terras da fazenda.

Parte dos canaviais da Usina São Martinho faz divisa com a Santa Izabel e as minhocas podem transitar sem problema, pois tanto de um lado da cerca, como do outro o solo tem vida. De acordo com Mário Gandini, diretor-agroindustrial da Usina São Martinho, com a eliminação da queima e com a palhada, os solos utilizados pela empresa para o plantio de cana estão se recuperando e atingindo sua condição inicial. Há sete anos, em levantamentos feitos por instituição francesa em convênio com a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), quando a usina tinha dez anos consecutivos de cana crua sendo colhida, encontrou-se áreas em que o solo tem mais vida que solo de uma mata virgem. “Estamos voltando para as condições originais dos solos e esse é o sonho de todo agrônomo.”

Além da palha que enriquece o solo, a cana também fornece subprodutos que atuam como fertilizantes orgânicos como a vinhaça e torta de filtro. A vinhaça é um resíduo do processo de destilação, fonte rica em potássio e que também tem cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes. Cada litro de álcool fabricado gera outros 13 litros de vinhaça com diferentes teores de potássio, de acordo com a origem. Já a torta de filtro é mistura de bagaço moído e lodo da decantação, resultando em material rico em fósforo, além de ser fonte de cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes.

O Brasil é o país mais desenvolvido na utilização dos subprodutos da cana na lavoura. Hoje, o modo de aplicação como fertilizantes é testado de diferentes formas nas unidades de produção, desde a aplicação na área total da lavoura até nas entrelinhas ou nos sulcos de plantio.

Jaime Finguerut, assessor técnico da presidência do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), explica que o reciclo de nutrientes é praticado por todos os produtores no Brasil, dependendo da geografia, do tipo de solo, do clima e da economicidade, da distância de aplicação e da quantidade de nutrientes necessária. Além da vinhaça, a cana fornece um composto de nutrientes formado pela torta de filtro, bagacilho, cinzas e fuligem, que substituem a adubação química em até 60%. “O retorno dos resíduos da usina para a lavoura aumenta a eficiência global da produção e a torna menos exposta aos aumentos de custos dos produtos químicos de origem fóssil, reduzindo emissões de co².” E, assim, a cana fica bem alimentada, ajuda a dar vida ao solo e faz bem para o ambiente.

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