Moagem antecipada favorece Raízen Energia
16-08-2016

A decisão de antecipar o início da moagem de cana na safra 2016/2017 da Raízen Energia - braço sucroenergético da companhia Cosan - permitiu que a empresa aumentasse a disponibilidade de produção própria e capturasse preços melhores no mercado.

No primeiro trimestre da temporada, encerrado em 30 de junho, o processamento de matéria-prima avançou 16%, para 22,4 milhões de toneladas, quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo balanço financeiro divulgado pela controladora na última semana. Para a Cosan, os três primeiros meses da safra equivalem ao resultado do segundo trimestre de 2016.

Com isso, o lucro líquido combinado (açúcar e combustíveis) da Raízen atingiu R$ 543,5 milhões, 209,4% superior aos R$ 175,7 milhões obtidos na variação anual.

As vendas de açúcar saltaram 78% no período avaliado, com quase 100% da produção proveniente dos canaviais da empresa. O preço médio praticado atingiu R$ 1,149 mil por tonelada, 10% acima do praticado em 2015.

Na verdade, quase todo o volume da commodity que seria exportado na safra atual foi negociado por hedge a um preço médio de 56,55 centavos de real por libra-peso. Para a próxima safra, a diretora de relações com investidores da Cosan, Paula Kovarsky, adiantou, em teleconferência, que há 955 milhões de toneladas, 30% das vendas externas, hedgeadas a um preço de 68,02 centavos de real por libra-peso.

A comercialização de etanol também subiu 22%, para 766 milhões de metros cúbicos, a valores 9,72% superiores.

"O sucesso da antecipação de moagem fez com que a Raízen já começasse a safra perto de sua capacidade plena de produção", justifica a executiva. "Temos que lembrar que na safra passada a gente postergou o início da moagem para o meio de abril", acrescentou.

O trimestre avaliado começou mais seco em abril e encerrou chuvoso, em junho. Em consequência, a queda típica das cotações no início da temporada sofreram uma inversão e os valores se recuperaram ainda durante o período. Por outro lado, a chuva atrasou o plantio de inverno e colaborou para redução de 6% nos investimentos de capital da empresa, o capex.

A diretora acredita que a expansão operacional, antes dos juros e tributos, medida pelo Ebit, representa melhor o desempenho próprio da companhia, pois cerca de 50% da cana-de-açúcar processada é de terceiros. O Ebit por tonelada de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) vendida combina "açúcar, etanol e cogeração em uma só métrica" e passou de R$ 2 por tonelada, no trimestre de 2015, para R$ 89 por tonelada neste ano.

Nayara Figueiredo