Morre Olacyr de Moraes, um visionário do agronegócio brasileiro
17-06-2015

Não é à toa que ficou conhecido como o “rei da soja”. Não apenas pelo volume de produção, mas por ter tido a coragem de apostar, junto de poucos, numa região inóspita para a produção agropecuária, nos anos 60. Um lugar onde tudo havia de ser feito. 

A aposta não apenas valeu a pena como transformou o Mato Grosso numa potência na produção agropecuária, como soja e gado, consolidou o Centro-Oeste brasileiro como grande celeiro de alimentos e alçou o Brasil ao grupo dos grandes produtores mundiais de commodities agrícolas.

Para muitos, hoje o agronegócio brasileiro não fosse Olacyr de Moraes não tivesse tido a coragem de enxergar prosperidade onde apenas existiam dificuldades. Por isso, é correto dizer que ontem a agropecuária brasileira perdeu um de seus principais empreendedores.

Vítima de câncer, Olacyr faleceu em São Paulo. Bem longe do cerrado, foi na capital paulistana em que ele se instalou junto da família durante a II Guerra Mundial e onde iniciou sua trajetória de empresário.

Nascido em Itápolis, no interior paulista, em 1931, ele foi para a cidade de São Paulo aos 8 anos de idade. “Meu pai era vendedor de máquinas de costura quando aqui chegamos, durante a guerra, num período totalmente diferente do que vivemos hoje. É muito difícil para um jovem de hoje avaliar as dificuldades daquela época, pois o Brasil não era nem sombra do que é hoje. O máximo que nossa indústria produzia eram parafusos, o que era grande conquista, por serem os primeiros fabricados no Brasil, quarenta anos atrás.’

A partir dos 14 anos, ele já ajudava o pai a vender máquinas de costura da Cia. Singer, onde cuidava da cobrança. Com a guerra, esta companhia encerrou suas atividades e seu pai foi indenizado. Foi quando surgiu a oportunidade de adquirir uma pequena empresa de entregas rápidas, que tinha o nome de “Expresso Foguete”.

Olacyr estou até o 3º ano ginasial, estudando à noite, porque trabalhava o dia todo e também aos sábados e domingos, segundo o empresário. A vida empresarial começou mesmo aos 19 anos, quando constituiu com o irmão uma empresa de transporte urbano, interurbano e interestadual de cargas.

Em 1957, começou a atuar na construção civil, abrindo a Constran Ltda., cujas atividades precípuas eram a execução de ruas de ruas e estradas e transportes de carga em geral. “A partir de dado momento, na década de 60, já nos foi possível diversificar as nossas atividades empresariais. Movidos por diferentes estímulos, passamos a investir parte dos resultados, até então reinvestidos na própria Constran, em outros setores: na atividade financeira, na pecuária, na agricultura, na agroindústria e na mineração”, relatou em entrevista concedida à Série História Empresaria Vivida, da Gazeta Mercantil (1986).

Ao longo da vida, Olacyr sempre diversificou os negócios, mas enxergando grande: apostou no setor bancário, em ferrovias,
Hidrelétricas. Criou o banco Itamarati. Quando estava no auge, ainda nos anos 90, entrou na lista dos 200 homens mais ricos do planeta da revista Forbes, com um patrimônio estimado em US$ 1,2 bilhão.

Já seu grande passo na agropecuária foi ainda nos anos de 1960. Com a criação da Sudam, em 1966, instituíram-se incentivos fiscais para os investimentos considerados de interesse para o desenvolvimento da Amazônia. Entre estes incluíam-se projetos pecuários. Foi quando Olacyr teve um projeto aprovado pela Sudam de recria e engorda de gado em terras adquiridas no município de Barra do Bugres, norte do estado do Mato Grosso. Além do gado, também investiu forte em cana-de-açúcar, algodão e soja.

Mesmo sem experiência na agropecuária, Olacyr conhecia a arte de empreender.

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