MT: Litro atinge recorde de preço e perde vantagem
08-01-2016

Depois de três anos consecutivos, o etanol hidratado deixou de ser competitivo em relação à gasolina para os motoristas de Cuiabá e Várzea Grande. O combustível, que liderou a preferência do consumidor especialmente ao longo de todo ano de 2015, sofreu inúmeros reajustes que levaram o valor de bomba a romper o teto de 70% que era justamente a margem de vantagem entre as duas matrizes, já que o derivado da cana de açúcar tem menor rendimento frente ao derivado de petróleo e por isso o preço dele deve atingir até 70% do preço da gasolina para ser competitivo. Acima desse percentual, não há viabilidade econômica na opção pelo hidratado. A partir de R$ 2,99, o etanol deixa de ser vantajoso, enquanto a gasolina estiver sendo fixada na casa dos R$ 3,79.

No início de 2016, os preços médios dos postos revendedores de Cuiabá e Várzea Grande, para o etanol, surpreenderam os motoristas, muitos estabelecimentos elevaram o litro para até R$ 3,049, valor inédito para o hidrato nas duas cidades. No ano passado, por exemplo, em alguns períodos, Mato Grosso exibiu o preço médio mais baixo ao litro do etanol no país, deixando para trás São Paulo.

Apesar da escalada dos preços, ainda é possível, principalmente em postos de bandeira branca - aqueles que não exibem uma determinada marca - encontrar o combustível por R$ 2,59/R$ 2,63/R$ 2,67, R$ 2,69. Quem abastecer por esses valores terá vantagem diante da gasolina, mantendo a viabilidade econômica. De todo modo, uma tanqueada média, de 50 litros, quando feita a R$ 2,59, custava R$ 129,50. Já o mesmo volume a R$ 3,049 por litro vai a R$ 152,45, desembolso de R$ 22,95 a mais, ou 18% de alta.

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo) explica que os aumentos, especialmente sobre o etanol, estão ocorrendo ao longo de toda a cadeia de comercialização. "Os preços têm subido muito nas refinarias e distribuidoras e os aumentos afetam todos os produtos. O maior aumento foi realizado sobre o etanol hidratado e recentemente anulando a vantagem desse derivado da cana de açúcar sobre a gasolina. Nas distribuidoras é possível verificar majoração de 34% entre os últimos meses de outubro, novembro, dezembro de 2015 e início deste mês no etanol", esclarece a entidade, por meio de nota.

O Sindicato explica ainda que nesta semana, nas distribuidoras, há preços do etanol com R$ 0,30 de diferença entre uma e outra companhia. "Algo incomum nesse mercado de preços similares. Essa diferença de aproximadamente R$ 0,30 centavos entre grandes distribuidoras e pequenas é um cenário novo nesse mercado, reforçando uma inverdade: a aparência de abuso nos preços. Os postos, último elo dessa cadeia comercial, e o mais frágil deles, não devem ser responsabilizados por tais aumentos, pois apenas repassam aumentos e não podem ser culpados pelas altas que vêm de usinas, refinarias e distribuidoras. Essas elevações de preços têm penalizado a revenda com a diminuição de suas vendas, perda de clientes e a necessidade de intensificação de capital de giro, além de severos desgastes perante a opinião pública, já que os aumentos são incorretamente atribuídos aos postos".

Marianna Peres