Mudança na presidência da Petrobras deixa o setor sucroenergético em alerta
25-02-2021

Efeito Dilma provocou uma onda de fechamento de usinas
Efeito Dilma provocou uma onda de fechamento de usinas

Há receio que volte o efeito Dilma, que criou preços artificiais da gasolina e quebrou o setor

Há um clima de expectativa no setor sucroenergético desde a última sexta-feira, quando o Presidente Jair Bolsonaro interveio na Petrobras e indicou um novo presidente para a estatal, o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da estatal, hoje ocupada por Roberto Castello Branco.  O receio é que possa haver “congelamento” do preço da gasolina, reduzindo a competitividade do etanol, como ocorreu no governo Dilma.

Reportagem da agência de notícias Reuters Brasil traz que, segundo a agência de classificação de riscos Fitch Fitch, a influência do governo do presidente Jair Bolsonaro na estratégia de negócios da Petrobras pode ser um fator negativo para o fluxo de caixa das companhias de açúcar e etanol do país, embora seja um movimento neutro para seus ratings.

“A Fitch entende que qualquer potencial mudança na política de preços da Petrobras que desvie da paridade de importação, como já ocorreu anteriormente, provavelmente colocaria em risco a esperada recuperação do setor de etanol”, disse a agência em comunicado.

O etanol concorre com a gasolina nas bombas dos postos de combustíveis brasileiros.

A Fitch destacou que, quando os preços do combustível fóssil caem, a competitividade do biocombustível como substituto da gasolina também diminui.

A agência acredita que produtores de etanol de milho, como a FS Agrisolutions, seriam os mais afetados por uma alteração na política de preços da Petrobras.

Companhias de cana mais expostas ao açúcar como Jalles Machado, Quatá e Usina Santo Ângelo também poderiam ser atingidas, mas seus ratings já embutem essa exposição, disse a Fitch.

Raízen, joint venture de Shell e Cosan e Biosev, cujos ratings já estão em observação devido à compra da Biosev pela Cosan, teriam a geração de fluxo de caixa pressionadas por uma possível mudança.

“A manutenção da atual política de paridade de importação da Petrobras é importante para a recuperação do setor doméstico de etanol em 2021”, afirmou a Fitch, destacando que o segmento foi afetado pela queda de demanda em meio à pandemia de coronavírus.

“Há três meses, a gente não discutiria se pode sofrer ou não uma intervenção de preços mais dura. Isso foi ficando cada vez mais forte e, desde a semana passada, é um assunto a discutir. Houve uma mudança muito grande de cenário, e dá pra se duvidar bem mais agora do viés com que o governo trabalha”, aponta o analista de mercado de óleo e gás da StoneX, Thadeu da Silva, em matéria da Globo Rural.

Segundo ele, os preços praticados no mercado interno já vinham abaixo da paridade internacional desde o final do ano passado, o que tem diminuído o interesse privado pela importação combustíveis fósseis.

Enquanto isso, dirigentes do setor dizem confiarem que a Petrobras não vai interferir na política de preços dos combustíveis. Um desses representantes ao ser questionado pela CanaOnline respondeu apenas: Oremos!

Fonte: CanaOnline com informações da Reuters e Globo Rural