Nesta safra as usinas estão pensando duas vezes para ceder área à rotação de cultura. Veja por quê?
16-09-2015

Maior unidade processadora de amendoim do país, a Coplana (Cooperativa Agroindustrial) comemorou na última safra do grão o aumento de 9% de área plantada, atingindo 23.100 hectares. Tendo a Coplana como referência, a região Nordeste do estado de São Paulo não é apenas a maior produtora de cana-de-açúcar do Brasil, mas também de amendoim.

Mas o próximo ciclo da cultura no interior paulista promete ser mais difícil para o produtor da cultura, que todo ano busca junto às usinas e grandes fornecedores de cana a oportunidade de plantar a oleaginosa nas áreas de reforma do canavial, normalmente arrendando a área para o cultivo no sistema de rotação de cultura.
No próximo plantio de amendoim, Frank Daniel Polegato – tradicional amendoinzeiro da região de Dumont – deverá conseguir plantar 1.700 hectares com a oleaginosa, o que representa queda em relação aos dois últimos anos, em que cultivou 2 mil hectares (somando as áreas próprias de reforma de cana com as áreas arrendadas de terceiros).
“Percebe-se que as possibilidades de cessão de áreas para plantio de amendoim por parte das usinas estão menores, diferente de anos anteriores. As opções estão se estreitando, principalmente na Alta Mogiana”, diz Klinger Brentini Branquinho, gerente agrícola da família Polegato.
Segundo ele, na região da Alta Mogiana – Araraquara, Dumont – está sendo mais difícil para os grupos cederem áreas. “Muitas empresas não veem a rotação de cultura como primordial para o negócio.”

SAFRA ATRASADA
Na opinião de José Rossato, presidente da Coplana, é fato que muitas usinas não consideram a rotação de cultura dentro da sua visão estratégica de negócio. “O nosso papel como cooperativa é tentar sensibilizar as unidades que não têm essa sensibilidade a apresentar um pouco do programa e das vantagens em termos agronômicos, econômicos, de imagem, de geração de caixa da rotação, especialmente do cultivo do amendoim”, explica.
Mas no próximo ciclo de plantio de amendoim, um dos motivos para se encontrar menor disponibilidade de área para a cultura é a destinação de menos áreas para reforma dos canaviais. “Muitos produtores estão descapitalizados e sem recursos para reformar suas áreas, mesmo sabendo que haverá o envelhecimento do canavial. Por outro lado, com as chuvas que estão caindo neste ano, percebem que a cana-soca está vindo bem; então o produtor acha melhor ficar quieto com aquela área e voltar a pensar em renovar mais pra frente”, diz Rossato.
Além disso, outro fator que pode estar acarretando dificuldades para os produtores de amendoim conseguirem áreas é o fato de a safra estar atrasada no estado de São Paulo, tanto de cana própria como de produtor.
“À medida que tem a safra atrasada, por ter começado tardiamente por conta das chuvas, jogou-se para mais tarde o final do ciclo.”
Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), o período 2015/16 será uma safra longa, que deverá entrar no mês de dezembro, com muitas usinas encerrando o processamento apenas no final de dezembro.
“A partir do momento que a safra está atrasada e com previsão de ser encerrada mais tarde, deixa-se pra mais tarde a definição das áreas de reforma”, salienta Rossato. “Além disso, quando for decidir pela reforma, como foi uma definição tardia, a usina pensa duas vezes se vale a pena ceder a área ou se vai complicar o seu planejamento quando chegar a época de plantio de cana naquela área”, completa.

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