Novas técnicas de plantio são destaque em pesquisa nacional
26-03-2025

Pesquisa revela avanços e desafios no setor de cana-de-açúcar, com crescimento na mecanização e preocupação com custos
No nono ano consecutivo de levantamento, o consultor Rubens Braga, da RBJ Consultoria, apresentou os resultados de sua pesquisa sobre as novas técnicas de plantio no Brasil, na 1ª reunião de 2025 do Grupo Fitotécnico, realizada nesta terça-feira (25), no Centro de Cana IAC.
O estudo, que envolveu 203 empresas do setor sucroenergético cobrindo 964 mil hectares de 16 estados, revelou importantes tendências e desafios enfrentados pelos produtores. “Considerando que 177 empresas mandaram a informação para os anos 2024 e 2025 é esperado um crescimento de 3,9% na área de plantio”, disse.
Uma das principais preocupações levantadas foi o aumento expressivo nos custos de plantio. Em apenas seis anos, houve um crescimento de 84%, quase o dobro da inflação do período (44%). O dado reforça a necessidade de maior eficiência nos processos para garantir a sustentabilidade econômica do setor.
Com relação a moagem, a pesquisa levantou informações de 467 milhões de toneladas de cana, sendo que 31,2% desse volume vem de fornecedores. A origem das mudas 58,5% são de canavial de 1º corte; 26,4% canavial de 2º ou mais cortes; 3,5% colmos de viveiros, com tratamento térmico; 7,9% colmos e viveiros, sem tratamento térmico e 3,7% de MPB. Além disso, o estudo mostrou que 68,7% do plantio ocorrerá entre janeiro/2025 e abril/2025; 20,6% será feito entre maio/2025 agosto/2025. Os outros 10,8% ocorrerão entre setembro/2025 e dezembro/2025.
A cultura intercalar em 2025 mais utilizada será a soja, com 28,0%, adubo verde (guandu, crotalária, mucuna, gramíneas, crucíferas, milheto, braquiária) representa 15,3%. Os outros 9,5% têm um mix de plantas de cobertura; 5,8% plantam amendoim e outros 1,8% outras grandes culturas, como milho, sorgo, etc. A maior parte da área, 39,5%, não tem outra cultura.
Mecanização avançada
A mecanização tem crescido consideravelmente nos últimos anos, com 75% das empresas utilizando métodos modernos de plantio. A principal motivação para essa mudança é a escassez de mão de obra, citada por 60% dos entrevistados. Além disso, a previsibilidade e o avanço nas tecnologias das plantadoras têm incentivado a mecanização.
Nutrição e adubação
A pesquisa também destacou que 66% das empresas já adotam a adubação verde, cobrindo 38% da área plantada. A nutrição foliar também tem ganhado espaço, sendo utilizada por 97% das empresas, cobrindo 81% da área total de plantio.
Assim, em 23,5% da área usa adubação usando resíduo “in natura”; 29,4% adubação com composto; 7,2% vinhaça enriquecida com NP; 37,7% adubação mineral NPK e 2,2% não usa adubação.
Irrigação: crescimento lento, mas progressivo
A irrigação ainda é um desafio para o setor. Cerca de 70% das empresas não irrigam suas lavouras, com o custo elevado e a distância das fontes de água apontados como principais barreiras. Apesar disso, a irrigação tem apresentado um crescimento gradual, reduzindo de 78% para 70% a área sem irrigação nos últimos três anos.
A pesquisa mostrou que 50,1% são usados irrigação de salvamento; 24,6% irrigação/fertirrigação plena; 23,1% irrigação/fertirrigação deficitária e 2,2% pegamento de mudas, cantosi e meiosi.
Infestação por plantas daninhas e controle
A presença de plantas daninhas continua sendo um dos desafios enfrentados pelos produtores. O complexo de capins (colonião, colchão e braquiária) lidera a lista dos problemas mais frequentes (38%), seguido pelas folhas largas (21%), grama-seda (11%) e capim-camalote (5,7%).
O manejo para inibição de florescimento e maturação em 2025 ficou assim registrado: 25,4% usa maturador; 20,1% usa maturador + nutricional; 10,5% aplica inibidor florescimento; 7,1% pré-maturador (nutricional); 5,0% inibidor florescimento + nutricional e 31,8% não faz nenhum uso.
Técnicas tradicionais em queda
Metodologias tradicionais como a meiose e o cantosi têm perdido espaço devido à falta de mão de obra especializada. O plantio convencional tem ganhado força, refletindo a tendência de modernização do setor.
A pesquisa apontou ainda que 141 empresas responderam que irão plantar MPBs em 2025, sendo que 136.426.732 MPB serão usadas, representando, em média, 967 mil MPBs por empresa.
Os dados apresentados por Rubens Braga reforçam a necessidade de planejamento e inovação no setor sucroenergético. A mecanização, o manejo adequado de mudas e a ampliação da irrigação são algumas das estratégias essenciais para garantir maior produtividade e redução de custos a longo prazo. De acordo com o consultor, o estudo seguirá sendo ampliado nos próximos anos para acompanhar a evolução do setor e auxiliar produtores na tomada de decisão.