Novo cenário do agro brasileiro em 2025: exportações resilientes e mercado em transformação
15-07-2025

Relatório do Itaú BBA mostra desempenho do agronegócio no primeiro semestre
O agronegócio brasileiro manteve sua relevância nas exportações nacionais no primeiro semestre de 2025, conforme aponta o Radar Agro, relatório setorial elaborado pela Consultoria Agro do Itaú BBA. Os dados revelam que, apesar de oscilações pontuais, o setor segue robusto e com indicadores históricos expressivos.
Entre janeiro e junho, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 82,1 bilhões, frente a US$ 10,1 bilhões em importações, resultando em um superávit de US$ 71,9 bilhões. Esse valor representa uma leve queda de 1,1% em relação ao mesmo período de 2024, justificada principalmente pela queda de 0,2% nas exportações e pelo aumento de 5,9% nas importações.
Entre os produtos com maior crescimento nas importações estão o cacau, com impressionantes 319% de alta, seguido pelo óleo de palma (+48%) e pelo trigo (+3%), revelando alterações pontuais no abastecimento interno.
Considerando o panorama geral, o setor agropecuário respondeu por 49% da receita total das exportações brasileiras no primeiro semestre — mantendo o mesmo percentual do ano anterior e se mantendo na média dos últimos cinco anos. Essa estabilidade confirma a relevância do segmento para o comércio exterior do país.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o mês de junho de 2025 apresentou exportações de US$ 14,61 bilhões, valor 1,2% inferior ao registrado em maio e 1,3% abaixo de junho de 2024. Mesmo com esse recuo, o semestre acumulou o terceiro melhor resultado da história em dólares, impulsionado por uma taxa de câmbio média de R$ 5,76/USD, 13,27% acima da média do ano passado, o que beneficiou os ganhos em reais.
No período, destacaram-se as exportações de óleo de soja e o avanço expressivo das proteínas animais, com destaque para carne bovina e suína. O frango caminhava para ser outro ponto forte, mas a detecção de gripe aviária no Rio Grande do Sul, em maio, provocou retração nos volumes exportados.
Já no setor sucroenergético, o desempenho ficou abaixo do esperado devido à safra adiantada de 2024, o que gerou queda nos embarques de açúcar e etanol em comparação ao mesmo período do ano passado.
A participação da soja caiu para 31% do total exportado, ante 34% em 2024, movimento compensado pela alta de 2% na participação da carne bovina, tanto em volume quanto em valor. Essa mudança indica uma diversificação gradual no portfólio exportador.
A China manteve a liderança entre os destinos do agro brasileiro, com 34% de participação nas exportações do primeiro semestre. No entanto, esse número representa uma leve retração frente aos 35% de 2024, abrindo espaço para a ampliação de outros mercados.
Entre os destaques positivos estão os países asiáticos emergentes, Estados Unidos e União Europeia, que demonstram tendência de diversificação na pauta exportadora brasileira. Ao todo, 67% das exportações destinadas à Ásia foram absorvidas pela China, mas o montante total enviado ao continente foi 2,7% menor, afetado sobretudo pela queda nos preços da soja.
Na União Europeia, as exportações brasileiras somaram US$ 12 bilhões, crescimento de 8,6% em relação a 2024. O café verde em grãos foi o destaque da cesta exportadora para o bloco, com a Alemanha respondendo por 30% das compras.
Mesmo com a imposição de tarifas pelo presidente Trump em abril, os Estados Unidos aumentaram em 20% seus embarques do agro brasileiro, atingindo US$ 6,6 bilhões no semestre. O principal destaque foi a carne bovina, que mais que dobrou em volume — somando 157 mil toneladas — e atingiu receita de US$ 791 milhões.