O caminho é o barramento
06-04-2015

“É viável irrigar cana, embora ainda exista preconceito ou falta de conhecimento sobre o assunto, o que estamos tentando mudar. Como a Usina Jalles Machado está em uma região em que se não irrigar não temos cana, obrigatoriamente passamos a investir e colhemos o resultado disso. No caso de outras regiões, como SP, MG, MS, vejo que irrigação também pode ser viável. Antes de tudo, deve ser feito primeiro um estudo prévio, um plano diretor. Tem que ter mais informações do tipo de solo, da região climática. Mesmo em SP há regiões distintas. A irrigação torna-se viável desde que se faça da maneira mais técnica possível. Inclusive alocando corretamente as variedades.
Mas de onde tiro água para irrigar? Estamos perto do divisor de águas da Bacia do Rio Tocantins. Temos pouca água e muitas nascentes. Não posso ir lá e pegar tudo. Se não tiver investimento em armazenamento de água, em barramento, em conservação de solo, em áreas de preservação permanente, cada vez essa água vai estar menos disponível. Em São Paulo, por exemplo, há mananciais grandes, mas muitos estão degradados ou já são muito utilizados. É preciso investir em barramento, por exemplo. E é um investimento que se amortiza em vinte, trinta anos.
A Jalles Machado hoje colhe frutos do investimento maciço que fez na questão do uso da água. E obter resultado com a irrigação não requer apenas água. Exige um conjunto de ações. Posso mudar a época de colheita de alguma parte do canavial, fazer rotação de cultura, manejar bem o solo, atuar de modo a aumentar a raiz da planta em profundidade, para que seja possível pegar a água disponível bem abaixo da superfície. A irrigação entra neste contexto para refinar e garantir ganho de escala vertical. Se compararmos o patamar de produtividade da Jalles Machado na safra de 2007, quando começou o trabalho forte de irrigação, com a safra 2014/15, crescemos em torno de 20 a 25 toneladas por hectare. E em 2007 praticamente colhíamos pouca cana mecanizada, que tem interferência negativa na produtividade, o que torna este crescimento ainda mais expressivo.
Um dos trabalhos do GIFC é no sentido de alavancar os poderes públicos nos diferentes estados a fim de ganhar tempo na construção de barramentos. Quantas barragens poderíamos ter feito no passado, de pequeno e médio porte? A água acumulada no barramento é muito mais barata do que a água que vem, por exemplo, de uma fonte que teve de ser tratada depois que se jogou esgoto. O caminho do produtor rural e da usina é fazer barramento, uma alternativa de curto e médio prazo interessante.”
Patrick Francino Campos, gestor corporativo de irrigação da Jalles Machado e presidente do GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação em Cana-de-açúcar)


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