O custo do arrendamento de terra pelo setor sucroenergético subiu 150% nos últimos dez anos
07-01-2016

Oscar Louro Fernandes, consultor econômico-financeiro da Sucrotec, acompanha anualmente os custos de produção de cana. Segundo ele, o que se tem é que nos últimos três anos os custos da agroindústria canavieira caíram (custos totais corrigidos pela inflação, com queda de 3% ao ano). “O único problema é que o preço dos produtos do setor também vinha caindo e numa proporção maior do que essa redução de custos. Desde 2011, os custos caíram cerca de 11%, enquanto os preços caíram mais de 13%”, relata.

Mesmo com a queda dos custos, com a remuneração baixa dos seus produtos, o setor vinha patinando numa situação de crise há quatro anos. Panorama que começou a ser revertido a partir da segunda metade da safra 2015/16. “Hoje (no final de 2015) os preços já são remuneradores, acima dos custos de produção, só que nessa safra boa parte da produção já foi comercializada. A expectativa é que em 2016/17 a safra já tenha uma boa recuperação, com remuneração melhor do que em 2015.”
Mas para aproveitar um ano de preços melhores, o empresário tem que fazer a lição de casa, na opinião de Fernandes. Um ponto fundamental é manter um rendimento agrícola no mínimo razoável. “Apesar das dificuldades dessa entressafra, tem que tentar fazer uma manutenção de qualidade, continuar com tratos culturais da cana, para que ao longo de 2016 se tenha produtividade alta, com custos dentro da média do setor”, diz.

ARRENDAMENTO É O VILÃO
Apesar da queda dos custos do setor na média, alguns fatores pressionaram os índices pra cima. Nos últimos anos, um dos vilões tem sido o custo de arrendamento. “É o que mais tem subido no setor por dois motivos: o custo da terra tem aumentado e a participação da área arrendada sobre o total da área de cana das usinas tem subido.”
O que ele recomenda para as empresas é que avaliem bem as áreas arrendada e façam uma seleção. “Fiquem apenas com aquelas que têm remuneração positiva, que dão lucro para a empresa e devolvam aquelas que estão lá apenas para aumentar a produção. Tem que fazer o cálculo do arrendamento. Cada área exige um cálculo individual para que a usina tenha consciência da área que dá resultado e não dá resultado.”
Fazendo uma análise da evolução do custo do arrendamento desde 2005, o consultor afirma que o preço da terra para arrendamento de cana subiu 150%, enquanto a inflação considerada nesse mesmo período está em torno de 75%, considerando dados do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo. “O arrendamento subiu o dobro da inflação em um período de dez anos.”
Além disso, ele relata que outros insumos também pressionaram os custos do setor nos últimos anos, como fertilizantes e insumos agrícolas em geral, que subiram acima da inflação. “Como são em boa parte vinculados ao dólar, esperamos que em 2016 essa tendência de aumento dos custos dos insumos agrícolas seja mantida”, finaliza Fernandes.

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