O etanol no debate dos presidenciáveis, Dilma foge da questão e Marina e Aécio a questionam
01-10-2014

“A política de etanol no seu governo é um fracasso”, disparou Marina Silva (PSB) contra Dilma Rousseff (PT) durante debate entre os candidatos a presidente da República na TV Record, em 28 de setembro. Foi positivo perceber que, a poucos dias das eleições do primeiro turno, em 5 de outubro, o setor sucroenergético está na pauta dos presidenciáveis. Os candidatos que se opõem ao atual governo mostraram que conhecem (ao menos parcialmente) as dificuldades enfrentadas pelo setor, defendem o potencial da energia da biomassa e reconhecem o etanol como fonte limpa e renovável de combustível. Mas, infelizmente, a atual presidenta – e líder nas pesquisas eleitorais – demonstrou nenhuma preocupação com o setor e nem mesmo fez promessas. Ao contrário, fugiu do assunto.

Marina Silva lembrou Dilma que o setor de produção de álcool está pagando um alto preço durante seu governo. Cerca de 70 usinas fecharam e 40 estão em recuperação judicial, além de 60 mil empregos perdidos. Ao final, a candidata do PSB perguntou à presidenta o que aconteceu para que, diferente do apoio dado por Lula, seu mandato adotasse uma política de tanto prejuízo à cadeia da cana-de-açúcar.
A pergunta seria uma oportunidade para Dilma tentar ganhar alguns pontos com o setor, mas preferiu ignorar. “Antes vou responder algumas questões que sou impedida de responder”, disse a presidenta, preferindo falar sobre programa de remédios gratuitos e as Forças Armadas. Ah, na resposta deixou claro que não tem como se deixar de priorizar a energia hidrelétrica: “o Brasil precisa de 70 mil MW até 2023. Assim sendo, é muito difícil alguém solucionar o problema de energia baseado apenas em energia que não seja a hidrelétrica. Eólica e biomassa são importantes, mas a solução é fundamentalmente a energia hidrelétrica”.
Dilma gastou um minuto e meio sem responder a pergunta de Marina. Na tréplica, ela tentou se redimir, afirmando que a política de etanol de seu governo é baseada em subsídio. “Demos subsídio para o etanol através de financiamento. Demos também desoneração de PIS/COFINS e, além disso, autorizamos aumentar a mistura de 25% para 27,5% do etanol anidro à gasolina. Temos um conjunto de medidas para reforçar o setor de etanol”, garantiu.
No debate, Marina não deixou barato: lembrou que a opção do governo petista é de gastar bilhões com termoelétricas por falta de planejamento. O candidato Aécio Neves também destacou a necessidade urgente de se diversificar a matriz energética. “Mas o atual governo não planeja. Se alguns investimentos ocorreram em parques eólicos, vários dos parques não geram energia, porque não foram interligados ao sistema. Outro equívoco gravíssimo diz respeito à política junto à Petrobras, que inviabilizou o etanol, talvez a mais importante fronteira tecnológica que o Brasil já teve.”
Aécio também defendeu a bioeletricidade no debate: “apenas o que poderia ser gerado pelo bagaço da cana em São Paulo permitiria uma Belo Monte do ponto de vista de geração”.