“O mundo passa fome não por falta de comida, mas sim por falta de interesse político em fazer com que o alimento chegue às regiões mais necessitadas”
14-05-2015

Adair Sobczak

Para Tânia Tozzi, analista chefe da equipe de grãos e estrategista da Rural Business (Agência Provedora de Informações Estratégicas para o Agronegócio), a afirmação de que a produção de biocombustíveis chegou para competir com o mercado de alimentos e aumentar a fome no mundo é uma visão um tanto míope dos benefícios que o setor já trouxe e ainda trará para a economia agrícola mundial.

“O mundo passa fome não por falta de comida, mas sim por falta de interesse político em fazer com que o alimento chegue às regiões mais necessitadas. Esta é a verdade! O biocombustível só veio para somar, ampliando as oportunidades aos produtores e promovendo uma expansão expressiva no campo, tanto em tecnologia quanto em ganho real para o setor.”

Dentre os grãos, ela destaca como história mais marcante a do milho, que desde o “boom” do etanol nos Estados Unidos, mudou de patamares de preços em todo o mundo, sendo hoje um grande mercado para os produtores brasileiros, responsáveis por abastecer boa parte do planeta.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revelam que entre as temporadas 2005/06 e 2006/07 o consumo de milho pela indústria norte-americana de etanol deu um salto de 32,2% e no ano seguinte de mais 44%, saindo da casa de 40,72 milhões para 77,45 milhões de toneladas.

Assim, dez anos atrás pouco mais de 14% da produção do país eram transformadas em energia. Hoje já são 36%, com o setor demandando sozinho quase 131 milhões de toneladas do grão, ou 68% a mais que a produção inteira de milho do Brasil, que ronda a casa de 78 milhões de toneladas. “Quase 36% da produção recorde de milho dos Estados Unidos na atual temporada 2014/15, avaliada em 366 milhões de toneladas, deverão ser destinadas à produção de etanol, indústria que tem hoje importância vital para a economia agrícola norte-americana, com peso suficiente para ‘quebrar’ o campo se perder os incentivos e reduzir drasticamente seu consumo.”

Segundo a associação que regulamenta o setor (Renewable Fuels Association), já existem hoje 192 usinas em operação nos Estados Unidos e mais 7 em construção, que juntas esperam produção de 14,88 bilhões de galões de etanol em 2014, o maior volume de todos os tempos e 128% acima do produzido em 2007 (6,52 bilhões).

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