O país ainda digere os efeitos da greve dos caminhoneiros
26-06-2018

O tabelamento do frete é outro risco que ameaça os negócios, especialmente o setor sucroenergético, que escoa sua produção via rodoviária

 Autor: José Zanni é líder da prática de Agronegócios & Papel e Celulose da Marsh Brasil

 O movimento grevista dos caminhoneiros trouxe graves consequências ao setor sucroenergético. Recente levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) mostrou que cerca de 13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar deixaram de ser processadas durante as paralisações, o que resultou na redução da receita de cerca de R$ 1,2 bilhão. A estimativa atual para a temporada é que sejam processadas cerca de 570 milhões de toneladas de cana.

 Além da falta de óleo diesel para abastecer as frentes de colheita de cana, os produtores tiveram que lidar com problemas para escoar o etanol produzido, já que os tanques das usinas ficaram cheios e praticamente não havia mais capacidade de estocagem.

 Com os prejuízos sendo contabilizados, as possibilidades de indenização foram amplamente discutidas entre as lideranças empresariais do setor. Alguns questionamentos ainda estão na agenda dos empresários. Por exemplo, a perda de receita.

 Por isso, nessas situações de crise, é fundamental programar ações que objetivem a identificação e contenção dessas perdas, além de planejar ações que auxiliem na rápida retomada da operação, pois nesses momentos é que a resiliência das organizações é colocada à prova.

 Abaixo algumas ações que são fundamentais para um bom gerenciamento de riscos:

 Ter um plano de contingência estabelecido, que permita tomar decisões e dar início a ações mitigadoras com a maior agilidade;

Implementar um plano de continuidade dos negócios (PCN) para orientar a restauração das atividades, para os casos de grande impacto;

Procurar uma consultoria, do seu corretor de seguros, quanto aos riscos contratados principalmente aos danos à propriedade decorrentes de tumultos;

Estabelecer dinâmica de protocolos de resposta comunicacional para situações que afetem a imagem da empresa, com base num plano de gestão de crise (PGC) desenvolvido especificamente as realidades da corporação.
Independentemente do porte ou segmento, toda empresa do setor sucroenergético precisa ter um plano para gerenciamento de risco. A assertividade, nesse momento, se traduz em menores perdas e a velocidade de recuperação em criação de valor para a organização, seus acionistas, investidores, clientes e funcionários.

 A greve dos caminhoneiros acabou, mas o país ainda digere os efeitos desse movimento que desarticulou todas as cadeias produtivas. O tabelamento do frete, por exemplo, ainda em discussão, é outro risco que ameaça o segmento que, obrigatoriamente, escoa a sua produção via rodoviária.