O papel das fontes renováveis de energia no Brasil e no mundo
05-06-2015

Segundo o pesquisador Décio Gazzoni, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a maior parte da energia consumida no mundo tem origem fóssil: cerca de 78% da matriz energética mundial. Já 3% da energia é nuclear e 19% vem de fontes renováveis. 

Especificamente para a geração elétrica, as fontes fósseis + nuclear produzem 78% da eletricidade, enquanto as fontes renováveis, 22%.

Da energia oriunda de fontes renováveis, 74% vem da geração hidroelétrica, 13% da eólica, 8% da biomassa e 3% da fotovoltaica. Gazzoni destaca ainda a grande população mundial que não possui acesso à energia. Na África, 43% da população tem acesso à eletricidade, 83% na Ásia e 95% na América Latina.

Segundo ele, dentro de cada país a cadeia de energia fóssil é altamente concentradora. Exemplo disso é a Petrobras, no Brasil. O poder basicamente está nas mãos de apenas um agente econômico.

Em 2014, o pesquisador constatou um movimento mundial em torno da elaboração e implementação de políticas públicas voltadas à geração de energia de fontes renováveis. Importante para isso é o fato de a ONU (Organização das Nações Unidas) ter declarado a década atual como a década das energias renováveis.

No início dos anos 2000 houve grande avanço na adoção de energias renováveis. Os países desenvolvidos partiram na frente desse processo por pressão social e por terem mais recursos disponíveis. Já hoje é a China o país que mais investe em renováveis, até numa tentativa de reverter a poluição gerada principalmente pelo uso desenfreado do carvão nos anos de 1990 na geração energética. Nos próximos anos, de acordo com Gazzoni, metade da nova demanda por energia no mundo virá da China e da Índia.

FONTES RENOVÁVEIS NO BRASIL

Existem cerca de vinte políticas públicas ao redor do mundo relacionadas às fontes renováveis. E políticas públicas ajudam um país a trilhar um caminho nessa direção, mas de fato é o custo que leva o consumidor a decidir. Exemplo disso é o uso do etanol no Brasil.

Sobre energias renováveis, a eólica teve um salto e é muito competitiva em relação à energia hidroelétrica. Mas o salto não foi maior do que a energia fotovoltaica, que explodiu nos últimos cinco anos, tanto pelo desenvolvimento tecnológico, ganho de eficiência, e adoção de políticas públicas.

Na visão dele, há pressão forte da indústria do petróleo sobre a expansão da energia renovável, o que é muito perceptível quanto à energia solar. E quanto aos combustíveis de origem fóssil, Gazzoni defende a importância de os países adotarem um tipo de imposto, de modo a privilegiar o crescimento das fontes renováveis.
No Brasil, há ainda um potencial de mais do que duplicar a produção de energia hidroelétrica, mas há um grande impacto do ponto de vista ambiental, além do custo do transporte dessa energia.

Quanto à energia da biomassa, o pesquisador da Embrapa acredita que é preciso discutir uma política para biocombustíveis na área de aviação. Para ele, as biorrefinarias fazem parte do futuro do setor sucroenergético.
Inclusive, em âmbito mundial, a bioenergia deve ser vista com muito bons olhos para a geração de empregos. Esta via emprega muito mais do que outras fontes de energia renovável.

Na opinião de Gazzoni, as energias renováveis são democráticas, geram menos emissões e têm muito mais espaço para inovações do que no segmento fóssil.
Décio Gazzoni foi um dos responsáveis pela criação da Embrapa Agroenergia.

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