O peso das máquinas agrícolas no RenovaBio
21-01-2020

O uso de combustíveis fósseis pelas máquinas agrícolas precisa diminuir
O uso de combustíveis fósseis pelas máquinas agrícolas precisa diminuir

O uso do diesel não é apenas o maior custo nas operações agrícolas é, também, o principal responsável pelas emissões de carbono no campo

Luciana Paiva e Leonardo Ruiz

Descarbonizar – a partir de 2020 essa é a missão do setor sucroenergético, pelo menos para as unidades que desejarem ser credenciadas no RenovaBio e, com isso, obter os créditos de descarbonização (CBios), que serão comercializados com distribuidoras e importadoras de combustíveis fósseis, para que compensem as emissões de carbono provenientes do uso do petróleo.

Quanto mais a usina conseguir comprovar que está reduzindo suas emissões de carbono na produção de etanol, mais CBios receberá. Por isso, os gestores estão revendo as várias etapas de produção, para torna-las mais eficientes e menos carbonizadas.

E as operações agrícolas têm um papel relevante nessa “caça” à descarbonização. Entre elas o uso do diesel como combustível nas colhedoras de cana, tratores, pulverizadores e caminhões. O diesel figura não só como o maior custo nas operações agrícolas – representa 28% do custo da atividade da colheita mecanizada –, mas também o principal responsável pelas emissões de carbono no campo.

“É preciso reduzir o consumo de diesel”, diz Edmilson Gomes Leal

Edmilson Gomes Leal, coordenador do GMEC – Grupo de Motomecanização  -  e gerente de manutenção automotiva da Usina Ferrari, de Pirassununga, SP, observa que, as máquinas agrícolas têm um peso considerável no RenovaBio, e o setor precisará ter um uso mais racional do diesel. “É preciso reduzir o consumo. O passo que vemos de maior importância é trabalhar na equalização de potência necessária x potência disponível. Utilizar a potência mínima possível para cada operação reduz o consumo”, diz.

Segundo Leal, o foco do GMEC junto aos fabricantes de máquinas tem sido o de trabalhar com implementos adequados e máquinas mais econômicas. “Eles devem fornecer equipamentos mais eficientes. O máximo de torque/potência com o menor consumo de combustível. Na realidade, o combustível é nosso maior custo nas operações. É onde nós trabalhamos todos os dias. Então, aquele fabricante que não está preocupado com isso perderá competitividade frente aos mais eficientes. Claro que aquele que conseguir transmitir maior eficiência de potência/torque ao solo, vai ter nossa preferência na hora de escolher determinado equipamento.”

Na visão do coordenador do GMEC, novas tecnologias são sempre muito bem-vindas. Auxiliam no sentido de trabalhar de forma melhor, preservando as áreas e otimizando o processo. Mas também é preciso desenvolver uma gestão de logística eficiente, com traslados menores e utilizar de forma inteligente todo o planejamento de preparo, plantio e colheita. Buscando por um maior potencial de colheitabilidade a partir da concepção de um projeto da instalação do canavial que priorize o melhor layout da lavoura. Essas estratégias proporcionam um maior aproveitamento das máquinas, reduzindo o consumo de óleo diesel.

No entanto, a redução de consumo de diesel não fica só por conta das novas tecnologias e gestão, está também nas mãos dos operadores, salienta Leal. E, isso, influência no resultado atual, das máquinas que já estão em operação. “É preciso qualificar e conscientizar os operadores sobre as boas práticas, o uso consciente das máquinas de forma mais eficiente e produtiva possível e reduzir o tempo ocioso de equipamento (motor ligado sem estar operando). O operador é o fator preponderante. Ele é que realmente faz a diferença. Operadores diferentes com a mesma máquina produzem consumos diferentes. O que precisamos é que todos os operadores tenham um padrão de operação, sempre pensando na maior eficiência”, destaca.

Outro fator de extrema relevância para que as usinas diminuam os custos com óleo diesel é a necessidade de incrementos significativos no TCH (tonelada de cana por hectare). Esses incrementos, impreterivelmente, trarão ganhos no rendimento operacional de colheita (RMC) e, como consequência, reduzirão o consumo de diesel por hora, bem como por tonelada colhida.

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