O que é FATO e o que é FAKE sobre o uso de defensivos agrícolas no Brasil
15-10-2019

É FAKE que o Brasil é o maior consumidor do mundo de defensivos agrícolas?

É FATO que o Brasil é líder mundial em controle biológico na agricultura?

 

Luciana Paiva e Leonardo Ruiz

 

Uma frente fria invadiu o Centro-Sul do Brasil na primeira semana do último mês de agosto. No dia 3, um sábado, a capital paulista registrou a tarde com menor temperatura de 2019, com média de 12,9 graus. O clima esfriou ainda mais com a chegada da noite, geada e até a neve marcaram presença em alguns pontos do país.

O frio intenso foi um convite para as famílias ficarem em casa e desfrutarem as atrações da TV. Foi assim que milhões de telespectadores conferiram o clássico de Monteiro Lobato “O Sítio do Picapau Amarelo se transformar na paródia “O Sítio do Picapau com Sequela”.

O esquete produzido pelo programa humorístico Zorra Total, da Rede Globo de Televisão, fez uma sátira ao uso de defensivos agrícolas no Brasil. Ressaltou as consequências dos defensivos e o impacto de algumas decisões políticas, como a liberação dos mais de 300 defensivos pelo atual governo federal.

Na sátira, os produtores rurais e a bancada ruralista são apontados como responsáveis pelo uso exagerado de defensivos, ameaçando a saúde dos consumidores.

“Borrifada na goiaba para agradar a tal bancada” - é a primeira frase da música tema do esquete, que destaca que em decorrência do uso dos “agrotóxicos” “o Saci criou três pernas, Rabicó ficou doente, Dona Benta matusquela e a Emília ficou banguela”.

A intenção era fazer humor, mas nem todos riram, principalmente os produtores rurais.  A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) divulgou uma nota de repúdio: “... lamentamos a irresponsabilidade dos editores do programa Zorra da Rede Globo de Televisão que, por completo desconhecimento técnico do tema do uso de agroquímicos para controle de pragas e doenças das frutas, levou ao ar uma sátira sobre esse assunto sugerindo uma visão totalmente equivocada da realidade do campo...” , destaca parte da nota divulgada pela Abrafrutas.

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) também se pronunciou. “É inadmissível que o agronegócio brasileiro tenha tido, nessa última semana, um bombardeio pela mídia nacional, colocando o alimento produzido no Brasil como inseguro, o que não é verdade”, afirmou a Ministra ao participar da abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em 5 de agosto na cidade de São Paulo.

A reclamação da Ministra não seu limitou à paródia produzida pelo Zorra Total, se estendeu para as diversas reportagens divulgadas na mídia, ao longo dos nove meses de 2019, com críticas ao registro de defensivos agrícolas no governo Bolsonaro.

Em relação ao tema, Tereza Cristina afirmou que o fato de “a fila de registros [de defensivos agrícolas] andar mais rápido traz tecnologia e segurança. E não o atraso, como querem colocar a pecha no agronegócio brasileiro. Nossos concorrentes devem estar adorando a situação.” Segundo ela, dos 262 produtos registrados [até o momento do Congresso da ABAG], apenas sete são novos. Os demais seriam genéricos ou equivalentes aos já existentes no mercado.

 

NOTÍCIAS INFUNDADAS AFETAM O MERCADO DE FRUTAS BRASILEIRAS

 

Ao criticar por meio de sátira o uso de defensivos agrícolas no Brasil, o programa Zorra Total baseou-se nas muitas notícias divulgadas pela mídia que colocam o Brasil como o maior consumidor desse tipo de produto. Para integrantes do setor agrícola, esse comportamento da imprensa, pode representar má fé, mas principalmente é fruto de desconhecimento sobre o tema.

“A maioria das notícias são infundadas, isso ocorre por falta de conhecimento técnico e científico em relação à necessidade do uso de defensivos agrícolas. Na verdade, o Brasil não é um grande utilizador de defensivos por hectare, é um dos maiores utilizadores em termos absolutos porque detém uma das maiores agriculturas do mundo, principalmente agricultura tropical. É preciso ressaltar que boa parte de nossos grãos é plantada no sistema de plantio direto, no qual é necessário secar a palha. Para isso, utiliza-se glifosato, um herbicida, também considerado defensivo. Em outros países, não acontece o plantio direto, é feito aração, o que eleva o consumo de combustível fóssil, e, com isso, a maior liberação de CO2 e mais problemas de erosão do solo”, observa Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafrutas.

Segundo Barcelos, essas informações equivocadas têm provocado prejuízo à fruticultura brasileira. “Essa campanha midiática atrapalha muito. Nós como exportadores de frutas temos recebido várias mensagens de importadores preocupados com as notícias sobre o uso e liberação de defensivos no Brasil. Também o mercado interno é afetado, pois, os consumidores, assustados reduzem o consumo de frutas por receio do uso de agroquímicos. Gerando problemas de saúde pública em decorrência de um medo infundado”.

Barcelos explica que esse receio dos consumidores em relação ao uso de defensivos na fruticultura, acontece porque as frutas vão praticamente direto do campo para a mesa do consumidor, não passam por um processo de industrialização, o que deixa mais exposto o uso de defensivos. “Mas não há razão para esse medo, utilizamos produtos registrados e na dose indicada. Tanto que não há registro no país de pessoas que tenham ido a óbito por ingestão de frutas com agroquímicos.”

O presidente da Abrafrutas, salienta que a fruticultura brasileira é bastante tecnificada, comparada as mais desenvolvidas do mundo. “Utilizamos estritamente o necessário, optamos por defensivos mais seletivos, que atacam principalmente as pragas alvo, moléculas menos nocivas. Realizamos pulverizações à noite, promovemos rotação de cultura, manejo integrado de pragas entre outras ações que garantam uma fruticultura que não agride o meio ambiente e a saúde humana. Também é preciso destacar que não somos grandes utilizadores de defensivos, pois boa parte da produção vem de pomares que não são renovados todos os anos, não necessitando do uso de secantes.”

 

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Sítio do Picapau com Sequela – sátira do programa Zorra Total sobre o uso e liberação de defensivos agrícolas no Brasil
Crédito: TV Globo

 

Tereza Cristina: "Nós não liberamos agrotóxicos. Nós concedemos registros para a produção industrial de formulados.”
Crédito: MAPA

 

“A maioria das notícias são infundadas, isso ocorre por falta de conhecimento técnico e científico em relação à necessidade do uso de defensivos agrícolas”, afirma Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafrutas
Crédito: Abrafrutas