O que mudou no cenário nacional para impulsionar o etanol de milho no Brasil
23-02-2018

O Brasil produz hoje 40 milhões de toneladas de milho a mais do que consome

Para Ricardo Tomczyk,presidente da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), principalmente dois fatores pesaram para esta nova realidade. “O primeiro foi há seis anos, quando uma indústria de etanol do MT chamada Usimat (veja matéria nesta edição) desenvolveu uma tecnologia bastante tupiniquim e fez uma adaptação na linha de produção de etanol de cana e começou a produzir etanol a partir do milho. AUsimat começou a usar o milho como matéria-prima. Isso funcionou muito bem e fez sucesso. Aí mais duas usinas do MT copiaram o modelo e instalaram linhas de milho na sua produção e isso mostrou que no Brasil seria possível abrir campo para essa indústria de etanol de milho. O outro motivo é a nova política de preços da Petrobras, que acabou com o controle do preço da gasolina, deixando o etanol mais competitivo.” Ricardo observa que o programa de governo RenovaBio que foi sancionado, será um incentivo ainda maior para os biocombustíveis. “Vejoque daqui uns seis, sete anos, haverá um campo muito grande a ser abastecido com etanol.”

Glauber Silveira da Silva, Vice-presidente da Abramilho e diretor da Aprosoja, também aponta a iniciativa da Usimat como o ponta pé inicial para a produção de etanol de milho no Brasil, salientando que sua produção se tornou mais viável uma vez que houve o descolamento do etanol da gasolina, cujos preços eram controlados pelo governo. “Há quatro anos, o preço do etanol vendido na usina era de R$ 1,12 foi para R$ 1,90. Houve um incremento de 80% do valor do etanol. Antes, não era nada viável produzir etanol, nem de cana nem de milho.”

No caso da produção de etanol com o milho, Glauber diz que soma-se ao faturamento os ganhos com a comercialização do DDG (grãos secos por destilação, na sigla em inglês), cuja a demanda por esse farelo de milho pela suinocultura, avicultura piscicultura e pecuária é grande. Cada tonelada de milho produz 420 litros de etanol e 220kg de DDG. “O ganho líquido por uma tonelada de milho para a produção de etanol + DDG fica em torno de R$ 280,00, no caso da cana o faturamento líquido é de R$ 60,00.

Produzir etanol com milho nas regiões produtoras do grão ficou muito mais viável, na opinião de Glauber. “O Brasil produz hoje 40 milhões de toneladas a mais do que consome, ou seja, está sobrando milho no mercado, principalmente no Centro-Oeste, que tem o milho mais barato do mundo. A previsão, até 2030 e que o Brasil precisará produzir até 20 bilhões de litros de etanol a mais e isso gera a oportunidade para o etanol de milho. Com milho sobrando, não precisa aumentar a área de cana, deixando de investir cerca de R$ 7 mil por hectare no plantio.”
Ricardo Tomczykdestaca o grande investimento para a instalação de uma planta para a produção de etanol de cana-de-açúcar. “Hoje, não tem cana sobrando. Toda a cana plantada no Brasil é utilizada para produção de açúcar ou etanol. Então para qualquer aumento para a produção de etanol a partir da cana será preciso produzir mais cana. Para isso, precisa de mais terra e de quatro a cinco anos para ter uma cana comercialmente produtiva. Então, é muito mais fácil, barato e rápido optar por uma planta de milho. Primeiro, o investimento é muito menor, porque você não precisa plantar mais milho, o milho já tem um excedente enorme no país. A planta para produzir etanol de milho demora de um ano e meio a dois anos para entrar em funcionamento, porque é só a unidade industrial, não precisa construir mais nada. É muito mais fácil começar um projeto novo para produzir etanol de milho do que de cana.”

Para Glauber, o RenovaBio, com a comercialização dos Créditos de Descarbonização(CBIO) - que serão emitidos pelas usinas (e importadores de etanol) e as distribuidoras serão obrigadas a comprá-los para atingirem suas metas de descarbonização– ,viabilizará ainda mais a produção do combustível verde. “Nos Estados Unidos é produzido 58 bilhões de litros de etanol por ano, e nós produzimos 28 bilhões de litros. Mas temos um potencial enorme para a produção de etanol de milho no país, então porque não produzir?”, pergunta.

Veja matéria completa na editoria Capa, na edição 51 da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, baixe GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS.