O setor perde Dona Carmen Ruete de Oliveira
04-08-2021

Dona Carmen: administrou a empresa em uma época de domínio masculino
Dona Carmen: administrou a empresa em uma época de domínio masculino

Dona Carmen faleceu na última sexta-feira, 30, aos 93 anos

Em uma época que o papel das esposas era acompanhar os maridos, dona Carmen Ruete de Oliveira ocupava o posto de presidente da empresa. Dona Carmen nasceu na cidade de Araras, interior paulista, vinha de uma família de intelectuais, seu pai, Antônio Ruete, era professor e sua mãe, dona Júlia, era escritora e pintora. Formada em Letras.

Casou-se jovem com o indústrial Virgolino de Oliveira, dono da Usina Nossa Senhora Aparecida, em Itapira, SP. Após dez anos de casada e com três filhos pequenos, Carminha, Hermelindo e Virgolino, ficou viúva, seu marido morreu em um acidente aéreo.

Apesar de ter ficado viúva muito jovem, dona Carmen não voltou a se casar, contava que teve a sorte de encontrar na primeira tentativa o amor de sua vida: o comendador Virgolino de Oliveira.

Com a morte do marido, assumiu a presidência da empresa. Convidou o irmão Antônio para participar da administração e não só cuidou dos filhos, da Usina Nossa Senhora Aparecida, como ampliou os negócios, ao adquirir a Usina Catanduva, em Ariranha, SP.

Dona Carmen e a filha Carminha: mãe no comando

Não se intimidou ao atuar no meio de um setor tão machista, sempre foi uma mulher de vanguarda. “Para mim sempre foi normal ter uma mulher na direção dos negócios, pois cresci vendo minha mãe no comando. Ficava espantada ao perceber que nos outros lugares não era assim”, conta a filha, Carminha.

Dona Carmen faleceu na última sexta-feira, 30, aos 93 anos e foi sepultada no cemitério de sua amada Itapira. Dona Carmen se foi, mas deixou para as mulheres a possibilidade de que sim, é possível conquistar um espaço no setor sucroenergético.

Nossos sentimentos à família e agradecimento à Dona Carmen e seu vanguardismo.