O uso do calcário na lavoura canavieira
23-10-2020

O calcário precisa ser colocado na linha da cana para que não haja perda
O calcário precisa ser colocado na linha da cana para que não haja perda

A calagem apresenta vários benefícios para o bom desenvolvimento do canavial, mas é fundamental que a aplicação seja bem-feita para evitar desperdícios

Luciana Paiva e Renato Anselmi

De acordo com Antonio Dias Santiago, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros e Raffaella Rossetto, pesquisadora Científica V da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio e Pesquisadora cientifica do Instituto Agronômico (IAC), os solos brasileiros são ácidos em sua maioria. A acidez, representada basicamente pela presença de dois componentes - íons H+ e Al+3 - tem origem pela intensa lavagem e lixiviação dos nutrientes do solo, pela retirada dos nutrientes catiônicos pela cultura sem a devida reposição e, também, pela utilização de fertilizantes de caráter ácido.  

Para eliminar a acidez do solo, usa-se práticas como a da calagem que fornece suprimento de cálcio e magnésio para as plantas. O cálcio estimula o crescimento das raízes e, portanto, com a calagem ocorre o aumento do sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo, auxiliando a planta na tolerância à seca.

A calagem ainda tem outros benefícios, como: aumentar a disponibilidade de fósforo, já que diminui os sítios de fixação no solo; reduzir a disponibilidade de alumínio e manganês através da formação de hidróxidos, que não são absorvidos; aumentar a mineralização da matéria orgânica com consequente maior disponibilidade de nutrientes e favorecer a fixação biológica de nitrogênio. Nas propriedades físicas do solo, a calagem aumenta a agregação, pois o cálcio é um cátion floculante e, com isso, diminui a compactação.

Distribuidor de adubo em profundidade e calcário superficial desenvolvido pela DMB

Apesar de a cultura da cana-de-açúcar estar entre as mais tolerantes à acidez do solo, a aplicação de calcário tem se mostrado lucrativa, sobretudo quando são consideradas as colheitas de vários anos.

Na visão dos pesquisadores, por todos os efeitos, a calagem é a prática mais econômica que garante aumentos na produtividade e longevidade do canavial. Para que haja boa incorporação e homogeneização com o solo, a calagem deve ser feita no preparo do solo. Para a cana-de-açúcar, deve-se dar preferência para a incorporação profunda, com arado de aiveca, para garantir o máximo aprofundamento do sistema radicular. A época de aplicação deve ser cerca de 40 dias até dois meses de antecedência ao plantio, dependendo do poder relativo de neutralização total (PRNT) e do poder de neutralização (PN), que são as garantias do produto de alta reatividade. Durante as soqueiras, não haverá mais a oportunidade de misturar bem o corretivo com o solo, por isso, a calagem deve ser bem-feita durante o preparo do solo.

O equipamento certo para distribuir Adubo e Calcário - Mas, a calagem em excesso ou mal aplicada pode ter efeito negativo na disponibilidade de micronutrientes, além de desperdício do produto, reduzindo a eficiência da operação, aumentando o custo de produção. A melhoria da eficiência de todas as etapas do processo de produção de cana-de-açúcar tem sido um diferencial competitivo importante para usinas e produtores de cana, principalmente em períodos de instabilidade dos preços de açúcar, etanol e energia.  

Com essa preocupação, a DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, de Sertãozinho, SP, disponibilizando para o mercado um produto que ajuda o setor sucroenergético a otimizar operações agrícolas visando a redução de custos. Trata-se do Distribuidor de Adubo e Calcário.


O calcário precisa ser colocado na linha da cana para que não haja perda

“O mercado conta com um equipamento para a aplicação de adubo e calcário com eficiência, para que seja evitado – ou minimizado – qualquer desperdício”, afirma o engenheiro agrônomo Auro Pereira Pardinho, gerente de marketing da DMB. O equipamento foi desenvolvido para possibilitar o melhor aproveitamento possível dos dois produtos, que são distribuídos em três linhas. “O insumo bem aplicado é uma maneira de aumentar a produtividade e diminuir custo”, ressalta.

Um dos diferenciais desse distribuidor é contar com um dispositivo que aplica calcário com total fluidez – revela. “A utilização desse insumo geralmente é muito complicada. Costuma aderir às paredes dos equipamentos, formando túneis que dificultam a saída do produto”, observa

Calcário é aplicado em grandes volumes com sistemas que provocam muita ‘poeira’ – constata. “Há até uma brincadeira no setor: as pessoas costumam comentar que o calcário, durante a aplicação em uma determinada área, vai para o vizinho por causa do vento”, diz.

 Segundo Auro Pardinho, a Engenharia da DMB realizou um árduo trabalho para o desenvolvimento de um sistema que possibilita a aplicação do calcário na lavoura de maneira eficiente e constante, sem falhas, com o objetivo de atender essa demanda do setor.  

 “As usinas e produtores estão muito interessados na aplicação de calcário na linha, não só como fonte de cálcio e magnésio para a cana, que tem dado ótima resposta, mas também para a correção de pH. Talvez, não corrija tão imediatamente. Para as safras seguintes, ajuda na correção, porque a cana vai ficar cinco ou seis anos naquela área”, comenta.

Sob a palha - Outro benefício proporcionado pelo Distribuidor de Adubo e Calcário é possibilitar a aplicação do fertilizante sob a palha, enterrando o insumo. “Às vezes, ocorre a aplicação de nitrogênio ou da fórmula NK (Nitrogênio e Potássio). O fósforo dificilmente é aplicado na soqueira, a não ser que seja uma quantidade pequena para complementar. É geralmente utilizado no plantio e fica no canavial em praticamente todo o ciclo”, diz Auro Pardinho.

A aplicação do adubo não pode ser sobre a palhada, é preciso penetrar no solo

Com caixas separadas para os dois insumos, o Distribuidor de Adubo e Cálcario corta a palha e deposita o fertilizante exatamente onde cresce o sistema radicular da cana. O equipamento oferece a opção de aplicação do adubo em superfície, o que não é recomendado, na maioria das situações, devido à perda de parte de nutrientes.

No caso do calcário, o distribuidor faz a aplicação somente em superfície – de acordo com solicitação do mercado – com uniformidade e eficiência, possibilitando o máximo aproveitamento do produto. “Se o setor de produção de cana tiver interesse futuramente em enterrar o calcário, é possível criar essa alternativa colocando mais um depósito na parte frontal do equipamento”, observa.     

Fonte CanaOnline